Correção: O valor mais baixo dos 12 níveis de valores para o Custo Social do Carbono (CSC) levantado pelo estudo do economista e professor Richard Tol é menos US$ 771 (-US$ 771), e não positivo, como anteriormente publicado. Pedimos desculpas pelo erro e reenviamos o texto com o número correto.
Calma, nada pessoal. Para quem não conhece a história, o título deste editorial foi inspirado no bordão “É a economia, estúpido!”, utilizado pela vitoriosa campanha de Bill Clinton para a presidência dos Estados Unidos, em 1992. Cunhada pelo consultor político James Carville, a frase buscava chamar a atenção para as reais necessidades das vidas dos eleitores. O mesmo raciocínio, contudo, também vale para demonstrar as razões pelas quais as empresas precisam considerar o custo das emissões de carbono em seus processos de tomada de decisão.
O Custo Social do Carbono (CSC) ajuda a entender a questão em números e fatos. Trata-se de um indicador que atribui um valor monetário a cada tonelada adicional de emissões de carbono na atmosfera. O objetivo é estimar o custo-benefício de políticas e ações de mitigação de impactos causados pelas mudanças climáticas a partir de fatores como aquecimento global, taxa de desconto e aversão à desigualdade e ao risco.
Estudo publicado há dois meses no periódico Nature por Richard Tol, economista e professor da Universidade de Sussex, traz um pouco de luz ao debate. A pesquisa identificou 207 trabalhos publicados entre 1982 e 2022 que mostravam nada menos do que 12 níveis de valores para o CSC, que vão de -US$ 771 a US$ 107,2 milhões por tonelada de carbono.
Com base em números tão contraditórios quanto superlativos, os mais precipitados ou mal-intencionados diriam que o CSC é um indicador absolutamente inútil. Diriam, se não fosse um critério utilizado por formuladores de políticas públicas. Ao assumir a presidência dos Estados Unidos, Joe Biden anunciou o aumento do CSC considerado nas diretrizes ambientais do país para US$ 51 por tonelada de carbono, ante US$ 8 praticados por seu antecessor, Donald Trump.
Com base em modelos estatísticos, o estudo de Tol conclui que a política climática se tornou mais rigorosa nos últimos 20 anos, e a tendência para o CSC nos próximos anos é mesmo de alta.
Em meio às incertezas dos números e da agenda política, empresas precisam se planejar para dar lucro em curto e longo prazos. Isso explica, em parte, a quantidade crescente de organizações no Brasil e no mundo assumindo metas net zero, que priorizam o uso de tecnologias e processos para reduzir as emissões de suas próprias cadeias de valor, no lugar da mera compensação com a compra de créditos de carbono. Afinal, não é preciso ser bom de conta para presumir que se trata de um ativo sujeito a grande volatilidade.
Àqueles tomadores de decisão que permanecem indecisos ou céticos, vale um outro bordão: camarão que dorme a onda leva.