Começa hoje em Bruxelas a cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) com a União Europeia, depois de 8 anos sem se reunir presencialmente. E a você, que deve estar se perguntando “e eu com isso?”, realmente o encontro não deve ter decisões práticas, mas simbólicas e históricas. Pode ser a primeira vez que a declaração final contenha uma referência ao passado colonial europeu na América Latina. “Todos reconhecem o sofrimento de milhares com a escravidão”, informa Daniela Chiaretti, que viajou para acompanhar a cúpula à convite da União Europeia.
O presidente Lula participa da cúpula representando a CELAC e, tanto seu regresso ao poder, quanto os avanços do Brasil no combate ao desmatamento, têm sido vistos como um bom momento para resgatar acordos entre as duas regiões. O Brasil já chegará, inclusive, pedindo ajustes no atual texto, que prevê, dentro de uma transição verde, a cooperação em energias renováveis, matérias primas fundamentais para a descarbonização e digitalização, entre outros temas.
O acordo que se pretende ser fechado ainda em 2023 vem em alinhamento ao plano do Brasil de transição ecológica, que deve ser lançado pelo governo brasileiro com base em seis eixos, conforme informou o Valor Econômico: finanças sustentáveis; adensamento tecnológico do setor produtivo; bioeconomia; transição energética; economia circular; e nova infraestrutura e serviços públicos para adaptação ao clima. Em entrevista ao podcast o Assunto, na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Hadad, que assina o pacote com contribuições de outros dez ministérios, disse que o plano poderá ser a marca deste governo e que Lula teria “brilhado os olhos” ao ver as perspectivas possíveis dentro deste planejamento.
O primeiro passo da transição ecológica será compor uma taxonomia, ou seja, uma espécie de manual de classificação na agenda da sustentabilidade, capaz de definir quais setores, atividades, projetos e ativos estão alinhados com os objetivos ambientais, sociais e de governança (ESG), e que são imprescindíveis para evitar práticas como ‘greenwashing’. Entre os pontos altos do documento estão a inclusão do setor de agronegócios, pelo seu enorme peso no Brasil, e que costuma ser excluído de acordos semelhantes.
E aí, você, leitor, sim, tem tudo a ver com isso, pois tanto as decisões e acordos feitos nessa cúpula entre a CELAC e a União Europeia quanto no plano de transição ecológica têm um impacto direto na busca por um futuro sustentável, que envolve todas as cadeias de negócios e traz impactos sociais para todos, uma vez que refletem a necessidade de ações concretas para construir um modelo mais justo e equilibrado de sociedade.