Você consegue imaginar o que é viver sem acesso à água potável para cozinhar, tomar banho, ou exercer qualquer outra atividade do seu dia a dia que dependa desse elemento? A retomada do Programa Cisternas, do governo federal, anunciada com um investimento de R$ 562 milhões, trouxe à tona um tema que, para quem não tem acesso, nunca saiu de moda: como combater a escassez, ou a completa falta de acesso à água que, hoje, atinge quase 35 milhões de brasileiros, segundo dados do último levantamento do Instituto Trata Brasil?
O Programa Cisternas, que já beneficiou mais de 1 milhão de pessoas, volta com a meta de construir mais de 50 mil cisternas com capacidade unitária de armazenar quase 16 mil litros de água, quantidade suficiente para manter uma família de quatro pessoas abastecida de água potável por até um ano. O foco de atuação do programa está na Região Nordeste, onde estão nove dos dez estados que integram a iniciativa – o outro é o estado de Minas Gerais. Os dez lotes foram arrematados pela Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC), organização ligada à Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA).
Nos anos de 2021 e 2022, o programa sofreu uma drástica redução, com o desmonte do governo Bolsonaro. Com a queda do investimento na área, o governo entregou pouco mais de 10 mil cisternas. Número ínfimo em comparação ao registrado em 2014, quando foram instaladas quase 150 mil unidades.
Organizações como a Habitat para a Humanidade Brasil, em atuação no país há mais de 30 anos, possuem programas que buscam mitigar os efeitos da seca no Nordeste brasileiro, a exemplo do Água para Vidas, que ganhou destaque na mídia no início desta semana. Por meio dessa iniciativa, a ONG já instalou centenas de cisternas no agreste pernambucano. A ASA, por sua vez, tem atuação fundamental no combate à insegurança hídrica e na luta pela democratização do acesso à água, a partir de ações de incidência, e com uma proposta de convivência com o Semiárido pautada pela cultura do estoque de água, alimentos e demais elementos necessários à vida na região.
Enfim, o acesso à água de beber voltou a ser uma política pública levada a sério por quem governa o nosso país. Cada vez mais, iniciativas como o Programa Cisternas devem ser consolidadas e terem a sua abrangência ampliada. Água é direito! E deve ser assegurada para todos os cidadãos e cidadãs. Retroceder não é mais uma opção – quem tem sede, tem pressa, e estamos falando de um elemento vital para a sobrevivência humana.