15 de setembro de 2023 | Estratégia ESG, ,

Saúde mental: da casa ao trabalho

Por Ariane Cruz

Em todo lugar que chegamos, e ficamos, a saúde mental está posta na mesa. Seja em casa, no trabalho ou nas relações, preservar ou reparar a saúde mental tornou-se um assunto inadiável. Uma consciência, porém, que só foi ampliada, duramente, em meio a um período de isolamento social, durante a pandemia de Covid-19, que levou grande parte da população a algum nível de esgotamento mental.

Desde então, a importância de falar sobre o tema não saiu mais de cena. Não tem mais como voltar atrás ou fingir que a temática pode ficar para depois, e uma pesquisa lançada recentemente pela Zenklub, startup de terapia online, corrobora essa afirmação.

O estudo “Índice de Bem-Estar Corporativo (IBC) do mercado” revelou o índice de saúde mental de trabalhadores brasileiros em 13 setores no 1º semestre de 2023. Ainda que alguns tenham apresentado algum avanço em comparação com o levantamento realizado no 2º semestre de 2022, nenhum setor atingiu o índice mínimo ideal – 78 pontos, numa escala de 0 a 100 – para que pudesse ser considerado um ambiente saudável emocionalmente.

Entre os piores setores para a saúde mental do trabalhador, segundo a pesquisa, a área de consumo e varejo lidera o pódio. Por outro lado, os profissionais de tecnologia, de acordo com o estudo, são os que estão em um local de trabalho mais favorável para manter uma boa saúde mental – uma posição, porém, que não dá para comemorar muito, já que a área obteve índice de 72,3.

Outro levantamento, realizado pela Vittude, apontou um dado igualmente preocupante: 33% dos colaboradores avaliados apresentaram algum tipo de transtorno mental em nível severo ou extremamente severo. Os números relatados são alarmantes e sinalizam para a urgência em tratar o tema com a seriedade e celeridade que ele exige.

Para além do ambiente corporativo e privado, a saúde mental é também uma questão de saúde pública, pois pode ser afetada por diversas condições, atingindo, principalmente, a população mais vulnerável. É o que mostra uma pesquisa da Habitat para a Humanidade Brasil, que relaciona moradias dignas, seguras e adequadas com uma melhor saúde física e mental para os seus residentes.

O estudo “Percepções de Mudanças”, lançado em 2022, relativo a um levantamento feito em 2021 com famílias atendidas pelo Programa Wash, traz o impacto que melhorias habitacionais realizadas em moradias precárias podem causar na saúde dos moradores. De acordo com a pesquisa, 98% das famílias beneficiadas – cujas casas receberam mudanças como instalações elétricas, hidráulicas e readequação de espaços para a melhoria na circulação do ar – declararam que as reformas contribuíram para uma mudança positiva na autoestima.

Da casa ao trabalho, o cuidado – ou a falta dele – com a saúde mental pode causar efeitos em cadeia, afetando todos ao redor. Desta maneira, no âmbito público ou privado, é responsabilidade de todas as lideranças ter um olhar atento para o cidadão, o trabalhador, e para as famílias, até comunidades inteiras, que apresentam sinais de adoecimento.

A mente humana precisa de cuidados por um motivo óbvio: por que continuar negligenciando a central do corpo humano, que a tudo comanda e conduz o seu funcionamento? Ainda que não cause doenças visíveis a olho nu, a saúde mental não pode ser ignorada. É dever de todos cuidar e procurar saber o que pode ser feito em prol da saúde mental pelo bem-estar individual e coletivo.

Por: Ariane Cruz