19 de setembro de 2023 | Estratégia ESG, , ,

Questão de impacto

Por Gilberto Lima

Os investimentos de impacto no Brasil podem não impressionar quando analisados pelas cifras movimentadas. Mas eventos recentes sugerem um caminho promissor.

No mês passado, o governo federal publicou o decreto que estabelece a Estratégia Nacional de Economia de Impacto (Enimpacto). O objetivo da medida é definir os parâmetros para articulação de órgãos e entidades da administração pública federal, do setor privado e da sociedade civil na promoção de um ambiente favorável à economia de impacto.

O texto do decreto denomina como “economia de impacto” a atividade caracterizada por equilíbrio entre a busca de resultados financeiros e a promoção de soluções para problemas sociais e ambientais. Há uma diferença sutil, porém importante, em relação ao ESG.

Enquanto os investimentos de impacto têm como princípio produtos ou serviços que resolvem problemas socioambientais, os negócios orientados com boas práticas ESG, em geral, buscam minimizar riscos e aproveitar oportunidades.

Estudo publicado em junho pela Aspen Network of Development Entrepreneurs (Aspen) revela que o volume de investimentos de impacto no Brasil totalizou R$ 18,7 bilhões em 2021, com um crescimento de 62,6% sobre o ano anterior. O trabalho consultou 402 investidores brasileiros e estrangeiros, que foram convidados a responder 40 perguntas sobre suas organizações.

Do total, 71% dos investidores têm entre seus ativos algum negócio de impacto voltado para as mudanças climáticas, sendo que 26% têm a totalidade dos investimentos com esse perfil. Entre os setores priorizados, o destaque é o de alimentos e agricultura, com 78%, seguido por educação (64%), saúde (58%), biodiversidade e conservação de ecossistemas (56%) e energia (50%), entre outros.

Ao lançar o Enimpacto, o governo reconheceu que os investimentos de impacto no Brasil ainda apresentam números modestos quando comparados com o cenário global, onde são movimentados mais de US$ 1,1 trilhão. Com a maior articulação entre órgãos do governo, estados e municípios, a expectativa é de que o segmento adquira maior relevância no país.

Por enquanto, o principal desafio é a definição de métricas ambientais, sociais e de governança reconhecidas globalmente, que demonstrem aos agentes de mercado oportunidades para monetizar esses investimentos. Ao mesmo tempo, o movimento é mais um estímulo para a busca de um consenso sobre esses padrões, que tem sido objeto de ataques por movimentos anti-ESG.

Por: Gilberto Lima