O ano vai chegando ao fim, e os membros do Executivo e do Legislativo focam nas prioridades em Brasília. Objetivar é a palavra. Não há mais muito tempo antes do apagar das luzes. Gabinetes começam a preparar relatórios e a fazer contas. Entre pautas mortas e agendas feridas, quantas se salvaram? A ver. É hora de contabilizar o que ficará de um 2023 na política. Ou melhor: é hora de checar o que ainda se pode fazer em três meses além de ver os setores da economia se atracando com o texto da Reforma Tributária. Bom momento para não desistir das políticas públicas, principalmente do ESG.
Mas, afinal, o que tem atrapalhado a virada do jogo? O que ficará de 2023? Talvez fique o trabalho gigante do Palácio do Planalto para driblar desafios junto ao Legislativo e garantir a aprovação de suas prioridades. Afinal de contas, mesmo bombardeado pela mídia e alvo de investigações, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), não se abalou e se manteve no jogo com todas as armas do Centrão. E a principal: negociar. Deu trabalho para Lula, que precisa chegar a 2024, ano de eleições municipais, com oxigênio.
Nessa briga de poderes, para as retrospectivas de dezembro, aquelas bem editadas pelos veículos de comunicação, talvez não faltem momentos chicoteantes da cena política, como a saída de Ana Moser, ministra atleta, técnica e dedicada ao Esporte, para a acomodação política do médico de formação André Fufuca (PP/MA).
Chegou-se a meados de setembro. O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no palco da Organização das Nações Unidas (ONU) é cena a ser considerada pela mídia nas retrospectivas. Economia verde tem sempre bailado no texto em ambiente internacional. “Já provamos uma vez e vamos provar de novo que um modelo socialmente justo e ambientalmente sustentável é possível.”
Mas, em Brasília, fazem 34 graus Celsius. Em Nova York, logo no início da fala, Lula usou truque de retórica para emocionar. Voltou 20 anos no tempo, lembrando do discurso que fez naquele mesmo lugar. “Naquela época, o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade da crise climática. Hoje, ela bate às nossas portas, destrói nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres.”
Terça-feira, 19 de setembro de 2023 em Brasília. O calor é de rachar. Para o mundo, o Brasil quer uma economia verde. No Cerrado do lobo-guará, o Congresso Nacional permanece pulsando.
Enquanto as luzes não apagam e as cortinas não fecham ainda há tempo de realizar. É assim que na pauta da semana na Comissão do Meio Ambiente, pautado por requerimentos dos deputados Túlio Gadelha (Rede/PE) e José Priante (MDB/BA), está o debate sobre o “banimento da pesca e comercialização de nadadeiras de tubarão no Brasil”. Na Comissão de Meio Ambiente do Senado, está em pauta o PL 412/2022, que regulamenta o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE). A relatora é a senadora Leila Barros (PDT/DF)
Também está em apreciação pelos senadores o Requerimento 53/2023 para a criação de Subcomissão Temporária, composta de 5 (cinco) membros titulares e igual número de suplentes, para, no prazo de 60 (sessenta) dias, discutir e analisar o mercado de ativos ambientais brasileiros no âmbito da Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal.
Um calor de rachar. Faltam três meses. Mas há tempo.