13 de novembro de 2023 | Clima, Estratégia ESG, Impacto social, , , , ,

Longevidade, clima e saúde pública

Por Alexandre Gaspari

longevidade

A crise climática é uma realidade que afeta a todos sem distinção. Contudo, não se pode negar que há grupos muito mais vulneráveis às mudanças no clima provocadas pelas ações humanas. E na semana em que o Brasil vive uma onda de calor que meteorologistas apontam como sem precedentes, vale destacar a parcela da população que, como mostrou o Censo 2022, vem crescendo a passos largos no país: os idosos.

O IBGE já havia divulgado que brasileiras e brasileiros com mais de 65 anos representavam 10,9% da população em 2022, de acordo com o Censo. Na semana passada, o instituto ampliou um pouco mais a perspectiva, com um novo recorte que contabiliza a parcela da população acima de 60 anos, mostra o Valor. Com isso, o percentual de pessoas idosas subiu para 15,8%. Um aumento de quase 46% em relação ao Censo de 2010, quando a população acima de 60 anos eram 10,85% dos brasileiros.

No novo recorte do IBGE, o “índice de envelhecimento” da população brasileira disparou. No estudo anterior, que considerou a faixa de 65 anos ou mais, esse índice foi de 55,2, ou seja, 55 idosos para cada 100 crianças de zero a 14 anos. Ao considerar pessoas de 60 anos ou mais de idade, o índice fica em 80 – são 80 idosos para 100 crianças. Em 2010, esse indicador para 60+ foi de 44,8.

Os desafios sociais e econômicos para garantir inclusão e bem estar a essa população não são poucos. Envolvem desde a previdência social até o mercado de trabalho – afinal, muitas pessoas 60+ não só podem como querem trabalhar e têm muito a oferecer. E quando se trata de saúde pública, as mudanças climáticas criam uma nova preocupação.

“As condições climáticas extremas, como ondas de calor, colocam uma pressão adicional sobre um sistema de saúde que já enfrenta dificuldades em fornecer assistência de qualidade”, disse ao Correio Braziliense o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Leonardo Brando de Oliva.

O SUS é motivo de orgulho para o país, e a pandemia comprovou isso. Entretanto, sabe-se também que o sistema precisa melhorar muito para suprir as necessidades da população em geral. Agora, ganha uma nova tarefa: preparar-se para atender a uma parcela crescente de cidadãos e cidadãs do país que tendem a sofrer mais com o “novo anormal” que nos atinge: um planeta mais quente e, por isso, mais perigoso para todos, mas especialmente para as pessoas mais velhas.

Boa semana!

Por: Alexandre Gaspari