3 de maio de 2024 | Estratégia ESG, , , ,

Madonna in Rio!

Por Eduardo Nunes

No Rio, só se fala dela. Às vésperas do esperado show de Madonna em Copacabana, a cidade palpita com a proximidade do mega espetáculo, que promete ser histórico, e, também por isso, coloca à prova princípios de responsabilidade ambiental, social e de governança. Com uma expectativa de reunir mais de 1 milhão de pessoas, o evento se encontra em posição ímpar no rol das grandes produções e seus impactos no curto e médio prazo. O compromisso de Madonna com esses princípios, embora menos discutido, é evidenciado não apenas pelas suas apresentações, mas também pelo modo como inspira mudanças positivas.

Ícone global e fonte de inspiração, Madonna é a legítima tradução do empoderamento feminino. Como ressalta Renata Vieira, CMO da Reckitt Hygiene Comercial, em artigo no Meio & Mensagem, ‘seu legado é um lembrete poderoso de que as mulheres têm um lugar de destaque no mundo dos negócios e que a liderança feminina pode ser tanto poderosa quanto inspiradora’.

Esse poder vai ecoar pelas areias de Copacabana, em meio ao calor e ao suor de milhões de pessoas, e a organização do show tem a oportunidade de agir com responsabilidade social e ambiental. Com grande fluxo de público e altas temperaturas, há previsão de distribuição gratuita de água para público, para tentar evitar um novo caso de exaustão térmica, como ocorreu no show da Taylor Swift, em dezembro de 2023, também no Rio, com a morte de uma jovem de 23 anos.

A gestão dos resíduos também é chave, em especial, de plásticos, um desafio considerável para o ecossistema local. Para a limpeza, a Comlurb anuncia uma ‘megaoperação’. Seria mais interessante se a organização considerasse, por exemplo, materiais recicláveis ou biodegradáveis nos produtos vendidos (copos, pratos etc.).

No aspecto da governança, a falta de transparência das empresas quanto ao investimento gera dúvidas e levanta a pergunta: quem vai pagar pelo show da Madonna do Rio? São quase R$ 60 milhões, sendo que o governo do Estado injetou R$ 10 milhões, a Prefeitura, outros R$ 10 milhões, e o restante está sendo dividido pelos patrocinadores Itaú e Heineken – sem detalhes sobre as cifras de cada um ‘em respeito às cláusulas contratuais’.

Se faltam informações precisas sobre o investimento das empresas, de outro há um esforço midiático para divulgar o potencial de impacto econômico que evento tem sobre a cidade: um movimento de R$ 293,4 milhões na economia carioca, de acordo com estimativas da própria Prefeitura, que considerou o ticket médio gasto por turista (nacional e estrangeiro) e morador do Rio para o evento.

Há ainda a venda de produtos oficiais (camisetas, bonés, perfumes, pôsteres etc.) e piratas, vendidos livremente em Copacabana e arredores. E ações de marketing, como a criada pela socialite Narcisa Tamborindeguy, por exemplo, que abocanhou patrocínio d’O Boticário para um camarote em seu apartamento, no edifício Chopin, ao lado do Copacabana Palace, com cinco convidados da marca. Outras marcas – como Carmed e Parque Bondinho Pão de Açúcar – também farão ativações durante o show.

Amanhã, o público vai curtir um show histórico e, todos esperamos, com segurança. Madonna é sinônimo de poder, diversidade e inclusão. O impacto cultural que um ícone pop como ela tem ao promover mensagens tão potentes através de sua música e presença já fazem valer a pena.

Bom fim de semana!

(*) Eduardo Nunes é parceiro da Alter Conteúdo

Por: Eduardo Nunes