Em um alerta sombrio, o relatório de 2024 da ONU sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), divulgado nessa segunda-feira (1/7), revela uma realidade alarmante: apenas 17% das metas estão na direção correta. E com menos de seis anos para o prazo final, o mundo enfrenta uma crescente crise que impede o progresso necessário para cumpri-las. A pandemia da COVID-19, os conflitos armados e o caos climático são alguns dos fatores que contribuíram para essa estagnação.
O relatório aponta que a pobreza extrema aumentou em 23 milhões de pessoas, enquanto mais de 100 milhões enfrentam a fome. Em 2023, o número de mortes de civis em conflitos armados disparou, e as temperaturas globais atingiram níveis recordes.
Esses dados não apenas ilustram a gravidade da situação, mas também destacam a inércia dos governantes em enfrentar esses desafios com a urgência necessária.
Para alcançar os ODS são necessários investimentos maciços e ações em escala. A lacuna nos países em desenvolvimento é de US$ 4 trilhões por ano. A reforma da arquitetura financeira global e a implementação de políticas eficazes de paz e segurança são fundamentais. Sem esses esforços, os ODS permanecerão uma promessa vazia.
No Brasil, as eleições municipais poderiam representar uma oportunidade crucial para os eleitores se posicionarem a favor de candidatos comprometidos com a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável. Deveria ser imperativo que os eleitores avaliassem as propostas dos candidatos, questionando suas ações e compromissos com a agenda 2030. Os futuros prefeitos e vereadores, afinal, têm um papel decisivo na implementação de políticas locais que contribuam para o alcance dos ODS, desde o incentivo ao uso de energias renováveis até a promoção de iniciativas de inclusão social e combate à pobreza.
Infelizmente, sabemos que a banda não toca essa música. Apesar de as eleições municipais de 2024 não serem apenas uma disputa política e sim esse momento decisivo para escolher líderes que estarão na linha de frente da batalha pelo desenvolvimento sustentável, nem os candidatos e nem os eleitores estão preparados para a transparência, compromisso e ações concretas que deveriam coexistir neste processo.
A responsabilidade de construir um futuro mais sustentável poderia começar nas urnas. Mas os debates polarizados estão se ocupando mais do útero das mulheres, da orientação sexual ou religiosa de cada candidato, ou ainda de como ele poderá beneficiar financeiramente um indivíduo ou grupo específico de pessoas.
Todo mundo quer uma boquinha nesta pizza à brasileira. Mas ainda não percebeu que na leva da ‘farinha pouca, meu pirão primeiro’, pode não restar ingredientes para compor a receita completa e a massa desandar de vez. E todos vamos ficar de mãos vazias.