13 de novembro de 2024 | Estratégia ESG,

Quando a vida era analógica e conectada

Por Carolina Gonçalves

Marcando minha estreia nEstratégia ESGtrago uma pergunta que mais parece uma reflexão: Como era sua vida analógica? Em um dos longos papos reflexivos que tenho com meus amigos quase que diariamente, levantamos essa questão e refletimos que, de fato, não sabemos como era a nossa vida antes da tecnologia.

‘Era uma vez’ um mundo onde a informação chegava em ritmo mais lento, e para se comunicar, era preciso mais paciência. Esse mundo analógico, sem internet ou smartphones, proporcionava uma experiência de vida única, feita de encontros, papel e conversas ao vivo. Livros eram as principais fontes de conhecimento, os jornais, as principais vias de notícias, e a espera fazia parte do nosso cotidiano.

Hoje, vivemos uma realidade transformada, onde o digital reina e a informação é gigante. Mas como essa mudança afetou nossa forma de viver?

Um exemplo é que nos anos 1980 e 1990, conhecer pessoas exigia sair de casa, marcar encontros, dar telefonemas. Em vez de aplicativos, usávamos cadernos para anotar compromissos e lembrar datas. Já na atualidade, uma pesquisa da Common Sense Media revelou que hoje adolescentes passam em média 7 horas diárias conectados. O que nos leva a refletir: e o tempo para interações pessoais?

A chegada da internet no fim dos anos 90, e dos smartphones, no início dos anos 2000, transformou radicalmente nossa forma de comunicação. O WhatsApp ‘substituiu’ o e-mail, que já tinha substituído as cartas; o Google se tornou o ‘dicionário Aurelio’; e as redes sociais passaram a ser o espaço onde expressamos nossas opiniões. O que antes era íntimo, hoje vira conteúdo.

A velocidade da informação é outro ponto dessa mudança. Se antes um acontecimento levava horas ou dias para ser noticiado, hoje ele é instantâneo. Dados de uma pesquisa do Pew Research Center mostram que 73% dos adultos nos EUA se sentem sobrecarregados pela quantidade de notícias. A informação, que antes trazia sabedoria, hoje pode gerar ansiedade e desinformação.

Nesse novo cenário, especialistas recomendam a busca por uma espécie de ‘equilíbrio digital’. Se desligar do mundo virtual, nem que seja por alguns momentos, pode trazer a sensação da simplicidade da vida analógica. Práticas como deixar o celular de lado ao se encontrar com alguém, buscar atividades fora da internet e valorizar mais o momento presente são pequenas atitudes que trazem o melhor dos dois mundos: o aprendizado e a conveniência do digital, sem abrir mão da conexão humana profunda que só o mundo analógico oferece.

O desafio então, é não deixar que o digital sobreponha o real, lembrando que somos parte de uma experiência de vida única, na qual o valor do agora deve ser tão grande quanto o das lembranças que temos de um tempo em que, mesmo sem internet, a vida acontecia, e muito.

* Em novembro, os editoriais da Estratégia ESG serão escritos exclusivamente por autoras e autores negras e negros. Um símbolo para que ultrapassemos — enquanto sociedade — as fronteiras do mês e tenhamos vozes negras sempre, ativas e ecoantes. Acompanhe conosco!

Por: Carolina Gonçalves