19 de dezembro de 2024 | Estratégia ESG, , ,

Comportamento humano e a sustentabilidade

Por Sueli Mendes

Na minha jornada pelo vasto e desafiador universo da Sustentabilidade, vejo uma crescente inquietação sobre o futuro. Essa preocupação nasce tanto da consciência cada vez mais clara de nossa interdependência com a natureza, quanto dos sinais alarmantes do planeta, com uma sensação palpável de que algo está fora de equilíbrio. As consequências de uma política de crescimento que ignorou as mudanças climáticas estão agora escancaradas.

Até o fim do século XX, estávamos presos em um ciclo de consumo desenfreado, cegos aos limites do planeta. Mas, no século XXI, um novo entendimento começou a ganhar força: não podemos continuar assim. Devemos repensar nossas escolhas, mudar nossas práticas, não apenas pelo bem do meio ambiente, mas por nós mesmos.

No Brasil, essa discussão já tem raízes profundas, plantadas na ECO-92, e agora floresce com força renovada em meio a conferências globais como a reunião de líderes do G20 no Rio de Janeiro e a expectativa com a COP30, em Belém. Essas ocasiões reforçam uma verdade dolorosa, mas necessária: precisamos urgentemente reconsiderar nosso papel no mundo.

Vivemos em um país de biodiversidade exuberante e recursos naturais vastos, mas também enfrentamos o desafio monumental de equilibrar essa riqueza com a necessidade de preservação. As chuvas devastadoras no Rio Grande do Sul e as queimadas recordes na Amazônia nos lembram que não somos invulneráveis.

Cada pequena ação conta, mas é imperativo que nações e grandes corporações se unam para uma mudança significativa. O Acordo de Paris foi um passo, mas a caminhada é longa. Muitos países lutam para equilibrar o crescimento econômico e a necessidade de cortar emissões. Tensão que reflete uma resistência profunda a mudar comportamentos que nos trouxeram até aqui.

Há uma injustiça gritante: os países menos responsáveis pelo aquecimento global são os que mais sofrem com suas consequências. O que impõe uma demanda urgente por justiça climática e uma redistribuição de responsabilidades que reconheça o sofrimento daqueles que, embora pouco tenham contribuído para o problema, são os mais atingidos.

Por isso precisamos de uma transformação profunda, não só de políticas, mas de corações e mentes. A sustentabilidade deve ser parte de quem somos, ensinada desde cedo nas escolas, promovida nas universidades, praticada nas empresas. Não podemos falar de meio ambiente sem tocar em justiça social, economia circular e governança inclusiva.

A COP30, em especial, será uma oportunidade única para o Brasil e todos os países amazônicos assumirem a liderança na defesa da nossa maior riqueza natural. Um momento para mostrarmos ao mundo que estamos comprometidos com um futuro sustentável, que queremos justiça climática e que exigimos o apoio necessário para proteger o que é nosso.

O tempo é curto, e o desafio é imenso. Mas se conseguirmos unir nossos esforços em uma causa comum, talvez ainda haja esperança. A janela para agir está se fechando, e a responsabilidade é de todos nós. O momento de agir é agora.

Por: Sueli Mendes