21 de julho de 2023 | Estratégia ESG, ,

Os dados falam por si

Por Eduardo Nunes

Os principais dados divulgados ontem (20/7) pelo Fórum Nacional de Segurança Pública, no 17˚ Anuário Brasileiro de Segurança Pública, falam muito sobre o país que estamos construindo e nos fazem pensar mais sobre o Brasil que queremos. A mídia divulgou, entre outras, as seguintes chamadas: Brasil registra 75 mil estupros em 2022 e bate recordeCasos de feminicídio aumentaram 43,3% em São Paulo em 2022Amazônia responde por um quinto das mortes violentas do BrasilPopulação carcerária: 5 mil cidades têm menos moradores do que o total de presos no BrasilViolência contra crianças e adolescentes cresce no BrasilCrimes contra LGBT+ enquadrados na lei do racismo crescem 54% em 2022

Os dados falam por si e escancaram uma realidade que está a léguas de distância de um cenário idealizado no universo ESG, de justiça social e de igualdade de gênero e oportunidades para todos. Assim, estão mais uma vez expostas as veias de uma sociedade que oprime mulheres, pretos e LGBT+; maltrata crianças; empilha pessoas (via de regra, jovens pretos de periferias) em presídios; e permite o avanço do crime organizado na Amazônia.

Embora seja de responsabilidade do poder público, segurança pública é elemento fundamental para o desenvolvimento sustentável, inclusive dos negócios. Difícil dizer que estamos no caminho certo quando se trata de segurança e nos deparamos com evidências tão contundentes. Se o desafio ficasse restrito às questões de segurança e ao poder público, já seria enorme. Mas não é.

Também ontem, o portal Um Só Planeta divulgou que uma nova ferramenta da Carbon Disclosure Project (CDP), plataforma global de acompanhamento de dados ambientais no universo corporativo, que mostra que apenas 24% das empresas avaliadas (quase 10 mil organizações ao redor do mundo, que totalizam 16% das emissões de CO₂) estão no caminho para atingir suas metas climáticas. Entre as empresas avaliadas, algumas das mais influentes marcas do mundo.

Semana passada, o Valor divulgou relatório da Data Makers, que ouviu 170 presidentes e diretores de empresas e concluiu que o tema da sustentabilidade em geral e ESG em especial ainda estão pouco maduros nas companhias. Na escuta, 85% dos executivos disseram que a principal motivação para adotar práticas ESG é o zelo pela imagem da companhia, um índice que fala muito sobre o grau de maturidade das nossas lideranças corporativas.

Em síntese, a percepção é que – apesar dos anúncios de planos de descarbonização nas empresas e discursos sobre os projetos de segurança pública – há pouca ação de fato em desenvolvimento que refletem nos dados. Melhor seria se falassem menos e agissem mais!

Por: Eduardo Nunes