Até o início da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), no próximo dia 30, nos Emirados Árabes Unidos, as emissões globais de títulos de dívidas sustentáveis em 2023 deverão alcançar um total de US$ 950 bilhões. A previsão é da Moody’s Investor Service, que reafirmou em relatório que acaba de ser lançado estimativa que já havia sido divulgada pela instituição em agosto.
A expectativa é de que a COP28 trará expectativas positivas para esse mercado. O motivo é a pauta da conferência, que deverá analisar o progresso global no âmbito do Acordo de Paris, com prioridade à transição energética, estimulando o financiamento climático e transformando sistemas alimentares.
“O progresso nestas áreas apoiaria a atividade global sustentável do mercado de dívida, particularmente no que diz respeito à emissão soberana, financiamento de transição, atividade nos mercados emergentes e projetos centrados na adaptação”, afirmou a Moody’s, de acordo com o site de notícias Advisor.ca.
No terceiro trimestre, as emissões de títulos sustentáveis, também conhecidos como GSSS – green, social, sustainable and sustainability-linked bonds –, tiveram participação de 14% no mercado global, com aumento em relação aos 13% dos primeiros nove meses do ano passado.
O principal destaque foram os mercados da América Latina e Caribe, com participação de 36% – acima dos 22% de 2022. Na América Latina, as companhias brasileiras estão entre as três principais emissoras da região.
Em linha com as oportunidades nesse mercado, o Banco Central (BC) vem aumentando a participação desses ativos nas reservas internacionais. De acordo com notícia publicada pelo Valor Econômico, os títulos sustentáveis começaram a crescer nos ativos internacionais adquiridos pelo BC, saltando de US$ 300 milhões, em 2020, para US$ 2 bilhões em 2022.
E a perspectiva é de que essas emissões possam se intensificar, uma vez que o Tesouro Nacional já definiu a sua estrutura para o lançamento de títulos sustentáveis soberanos.
Gilberto Lima é produtor de conteúdo, dono da Agência Celacanto, especializado em clima e finanças sustentáveis, e parceiro da Alter Conteúdo.