Quem me dera ao menos uma vez
Ter respostas dos governos para as tragédias climáticas que todo ano vêm
Sem conseguir convencê-los mesmo com tanta dor e sofrimento
Pois a chuva sempre leva embora até o que a gente não tinha
Quem me dera ao menos uma vez
Ver um plano para que a transição energética possa acontecer
Pois a mudança passa pela descarbonização
Do nosso modo de consumo e produção
Quem me dera ao menos uma vez
Explicar aos congressistas o que eles parecem não entender
Que retroceder na pauta ambiental é um erro a repetir
E que vai nos fragilizar para agir preventivamente
Quem me dera ao menos uma vez
Destacar o estudo que a SOS Mata Atlântica tem
Que alerta que só um projeto vai expor 48 milhões de hectares ao desmatamento
E que tem mais cinco projetos como esse que interessam a quem?
Quem me dera ao menos uma vez
Que o licenciamento ambiental fosse visto
Como algo mais importante
Mas a bancada ruralista quer criar um ‘autolicenciamento’
Quem me dera ao menos uma vez
Dimensionar o prejuízo causado pela Enel
Sem fornecer energia por tanto tempo pra vocês
E ainda assim com um indicador de qualidade melhor que o limite da Aneel
Isso é um perigo, mas tem quem não entenda
Que ignorar a crise climática fica mais caro, sim
Quando descobrir que não é só sobre você
Mas sobre os recursos naturais que podem chegar ao fim
E é só a gente que tem a cura pra esse vício
De emitir, destruir e consumir
Sem pensar nas consequências para si
Quem me dera ao menos uma vez
Acreditar por um instante que a paz e ajuda em Gaza é possível
E acreditar que o Rio de Janeiro tem jeito
E que todas as pessoas – independentemente de raça, gênero, idade, classe social… – podem ser felizes
Quem me dera ao menos uma vez
Fazer com que o mundo seja mais justo e inclusivo
Sem preconceito, ódio e violência pra você e pra mim
Para que a gente possa então dizer: muito obrigado!
Texto livremente adaptado da canção ‘Índios’, da banda Legião Urbana.
(*) Eduardo Nunes é parceiro da Alter Conteúdo