Em 22 de abril de 1970, portanto exatos 54 anos atrás, o senador democrata norte-americano Gaylor Nelson conseguiu uma proeza que foi talvez o clímax de uma campanha de ativismo ambiental que ele vinha promovendo no País. Mobilizou universidades, repartições públicas, comércio e indústrias e levou pras ruas quase 10% de toda a população estadunidense, à época, isso sem ajuda de qualquer grupo de whatsapp.
Para além das leis que conseguiu aprovar em sua carreira política – que regulamentavam a qualidade da água e do ar e que estabeleciam normas para a preservação de espaços naturais e para a criação de áreas protegidas para assegurar que os ecossistemas e a biodiversidade fossem mantidos para as gerações futuras – Nelson foi um dos pioneiros a promover o conceito de desenvolvimento sustentável, defendendo que o crescimento econômico deveria ser alcançado sem degradar o ambiente natural. Ele acreditava na necessidade de uma abordagem equilibrada que considerasse os impactos ambientais a longo prazo.
Também foi pioneiro ao abraçar como principal propósito a conscientização ambiental. Para ele, era essencial sensibilizar o público e legisladores sobre a importância da conservação do planeta. Ele acreditava firmemente que educar esse público sobre os impactos ambientais das ações humanas era essencial para promover mudanças significativas. Ao engajar a participação cidadã na política ambiental, acreditando que a pressão pública era essencial para mudar as políticas governamentais, o senador queria que os cidadãos se envolvessem ativamente na luta por um planeta mais verde e justo.
Talvez o senador não tivesse noção do que significava “longo prazo” em relação ao movimento que estava criando e nem quanto tempo essa conscientização levaria para acontecer. No livro “Beyond Earth Day: Fulfilling the Promise” escrito em 2002, em parceria com Susan Campbell e Paul Wozniak, ele criticou a lentidão do progresso ambiental e a falta de vontade política para implementar mudanças significativas.
Em 2009, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) determinou que o Dia Internacional da Mãe Terra, mais conhecido como Dia da Terra, seria celebrado todo 22 de abril, em homenagem ao ato promovido por Gaylord Nelson, que havia morrido quatro anos antes, sem conseguir ver avançar suas ideias.
Hoje, não levamos nem um décimo disso às ruas para defender o planeta. Pelo contrário. Gatos pingados se juntam aos milhares para tentar fazer barulho com frases negacionistas. Mas a conscientização vem chegando pela dor. Os alertas de uma possível pandemia foram confirmados. Os eventos extremos e mais frequentes estão avançando a cada dia.
O planeta está à beira de um colapso e mais e mais pessoas percebem a necessidade de expandir a consciência, e as ações para evitar o dia D, o ponto de não retorno. A dúvida é até quando a Terra vai suportar a ignorância, a inação e a inabilidade do ser humano em toda a sua gigantesca insignificância perante a forças da natureza.