Dentro da agenda ESG, este tema talvez ainda seja o menos abordado: a governança corporativa. Qual o nível de sensibilidade das empresas com esse tema e o que tem sido feito na construção, e execução, de sistemas de governança que levantem as bandeiras social, da ética e dos direitos humanos? A forma de gerir uma empresa, com a definição de processos internos, controles, procedimentos e as tratativas com toda a cadeia humana e produtiva envolvidas nos seus negócios, diz muito sobre seus ideais, valores e reais intenções mercadológicas.
Há cinco pilares que sustentam uma governança corporativa adequada, detalhados no 6º Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a começar pela transparência. Que nada mais é do que a confiança que é construída, inspirada e retroalimentada entre todas as partes interessadas de um negócio.
A equidade é outro alicerce do “G” do ESG que tem sido tratado como assunto inadiável e prioritário para a sociedade civil e, consequentemente, para o alto escalão empresarial. Isto porque a desigualdade racial e de gênero ainda é uma realidade inegável no mercado de trabalho.
Segundo um levantamento feito pelo Indique uma Preta e pela Cloo, apenas 8% dos negros ocupam cargos de liderança no Brasil, e esse número fica ainda menor quando o recorte é entre as 500 maiores empresas nacionais: apenas 5% são lideradas por pessoas pretas ou pardas. Para as mulheres o cenário também é desfavorável, com menores salários e participação, ainda que a escolarização feminina seja superior à masculina, como aponta um estudo recente do IBGE. A carreira profissional de pessoas LGBTQIA+ também é impactada pela discriminação e por barreiras visíveis e invisíveis que dão, cada vez mais, espaço para o preconceito e para a desinformação.
Alinhada à equidade, vem a responsabilidade corporativa, que mostra quais caminhos uma empresa precisa seguir tendo como compromisso fundamental a preocupação com o bem-estar socioambiental ao definir negócios e operações. Fechando os cinco princípios da governança corporativa, estão a conformidade com as leis e regulamentações e a prestação de contas com transparência e responsabilidade.
Criar e preservar um sistema de governança ético, transparente e orientado por diretrizes ligadas aos direitos humanos aponta para um caminho honesto, seguro e de provável sucesso no mundo empresarial. Mas, sobretudo, distinguirá empresas que se preocupam, genuinamente, com o capital humano, colocando-o como um peça-chave na preservação ambiental e na transformação social necessária e urgente para a prolongação dos negócios e, claro, da vida na terra de maneira sustentável.