10 de maio de 2024 | Estratégia ESG, , , ,

Não tá morto quem peleia, tchê!

Por Eduardo Nunes

Durante quatro dias ele resistiu firme sobre o telhado de uma casa alagada, em Canoas. Sem água e sem comida, Caramelo foi enfim resgatado nessa quinta, como um símbolo da sobrevivência do povo gaúcho diante da catástrofe climática que cai sobre o estado. As imagens rodaram e sensibilizaram o Brasil e o mundo.

O Brasil inteiro hoje abraça o Rio Grande do Sul, em incontáveis campanhas de doação e ações de solidariedade neste momento crítico. Artistas, esportistas, gente famosa e desconhecida se unem em prol da vida. O setor privado também se mobiliza, em inúmeras iniciativas.

O cenário é de guerra, com falta d’água, energia, abastecimento, combustível, atendimento médico e hospitalar… Por isso, ‘não há que se discutir agora quem é o dono do carbono ou quem desmatou a mata que estava ali (…). Quando baixarem as águas será a vez dos políticos”, disse Dal Marcondes, diretor executivo do Envolverde.

Em relato pessoal à Rede de Jornalistas Internacionais, o jornalista Rafael Glória, do portal Nonada Jornalismo, destacou a importância crucial da comunicação institucional bem estruturada no momento do caos e também do jornalismo local. Enalteceu a Rádio Gaúcha, com cobertura 24h: ‘(…) mesmo com um formato que alguns dizem ultrapassado continua sendo um dos veículos mais importantes em cobertura desse tipo, onde a informação precisa se espalhar de forma rápida (…)’.

Zero Hora– como os gaúchos chamam o maior jornal do estado – mostrou ontem um efeito da migração de pessoas dentro do território gaúcho. O prefeito de Imbé, no litoral Norte, que não foi afetado pelas chuvas, decretou Estado de Calamidade Pública porque o município ‘recebeu cerca de 5 mil gaúchos nos últimos cinco dias’. Após repercussão negativa, voltou atrás na medida, mas evidenciou a manobra para acessar recursos que serão destinados para recuperar as cidades. No mesmo dia, o governo federal anunciou pacote de ajuda com impacto potencial de R$ 51 bilhões na economia gaúcha para socorrer o estado.

O zaino Caramelo sobreviveu. Sinal que o Rio Grande resiste, mesmo que em regime de alerta porque a peleja não terminou. Com mais chuva chegando entre hoje e domingo, novos alertas de acumulados e riscos de deslizamentos foram dados. Adicionalmente, a queda de temperatura torna-se um desafio no atual cenário. Mas, o Rio Grande há de sobreviver, como neste trecho da poesia ‘O Gaúcho’, do mestre Jayme Caetano Braun:

O gaúcho sempre há de viver, enquanto o Rio Grande não morrer

Em campo fino o potrilho é mais lindo, tem mais quarto e encontro

Anda sempre escramuçando e tem o pelo reluzindo

É que a invernada é puro campo flor

O rebanho que pasta em terra negra, a lã tem mais valor

E o Rio Grande é campo bom!

(*) Eduardo Nunes é parceiro da Alter Conteúdo

Por: Eduardo Nunes