16 de maio de 2024 | Estratégia ESG, , , , , ,

O pote de ouro no fim do arco-íris

Por Matheus Zanon

Não é difícil conectar ESG e diversidade. Os dados já são claros e de conhecimento das empresas: diversidade e inclusão no ambiente profissional estão associadas a maior produtividade, ao bem-estar dos funcionários, além de estimular a inovação, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Um estudo da KPMG mostra que, conforme a agenda ESG avança nas empresas, clientes e partes interessadas cobram maior conexão entre inclusão, diversidade e equidade e as estratégias de negócios. As empresas já sabem que um ambiente inclusivo é bom para os negócios.

Uma estimativa do fundo LGBT Capital mostra que o poder de gasto anual do segmento de consumo LGBTQAPNI+ é de US$ 4,7 trilhões globalmente. No Brasil, a contribuição desse grupo para o PIB nacional seria de cerca de US$ 96 bilhões.

São dados otimistas que mostram que o mundo dos negócios, principalmente aqueles alinhados à estratégia ESG, reconhece a importância da comunidade LGBTQIAPN+.

Mas nem tudo é purpurina do lado de cá do arco-íris. A publicidade, principalmente no mês que antecede a maior parada do orgulho do país, que este ano acontece no dia 2 de junho, em São Paulo, já percebeu os ganhos – reputacionais e financeiros – da diversidade. Não à toa, é comum as marcas investirem em campanhas segmentadas ao público LGBT+.

Mas, atentos que somos, é neste mesmo mês que a exposição de pink washing viraliza nas redes sociais. São aquelas marcas que querem seguir o viral das redes e produzir conteúdo só para não ficar fora das trends. Ser pop apenas um mês do ano é uma percepção dos influenciadores LGBT+, segundo estudo da Squid. Cerca de um terço dos respondentes afirmam só participar das campanhas publicitárias no mês do Orgulho LGBT+, e outros um terço afirmam receber mais oportunidade em junho do que em qualquer época. 

Apoiar a comunidade é uma boa. Mas só em junho, ao que parece.

Mas, como seus negócios podem apoiar a comunidade o ano todo, para além do que já é determinado por lei? Eis o caminho:

– Processos seletivos com vagas afirmativas para pessoas LGBTQIAPN+, com destaque especial para pessoas trans, que, historicamente, são excluídas do mercado formal de trabalho;

– Desenvolver um censo para identificação da representatividade da sua empresa e quais os gargalos e dificuldades que pessoas LGBT+ enfrentam no ambiente de trabalho;

– Promover o letramento da liderança sobre diversidade, inclusão e equidade;

– Incluir treinamentos sobre diversidade e inclusão para toda a equipe, frisando a importância do respeito à identidade de gênero;

– Assumir, publicamente, a defesa dos direitos da população LGBTQIAPN+, inclusive diante de tentativas de retrocesso legal;

– Apoiar projetos e iniciativas de promoção de direitos e inclusão produtiva;

– Contratar pessoas influenciadoras e artistas LGBTQIAPN+ como representantes;

– Adotar uma linguagem mais inclusiva, que faça com que todas as pessoas se sintam representadas;

– Patrocinar eventos, times e atletas LGBTQIAPN+; entre outros.

Dessa forma, afinal, fica mais fácil encontrar o pote de ouro no fim do arco-íris.

Por: Matheus Zanon