A notícia de que a COP16 da Biodiversidade, prevista para ocorrer na Colômbia no fim de outubro, está sob ameaça devido à dissidência das extintas FARC é um lembrete contundente das complexidades que envolvem a proteção ambiental em zonas de conflito. O evento, que deveria ser um marco na preservação da biodiversidade global, corre risco por questões de segurança, revelando um paradoxo profundo: como podemos avançar na proteção da biodiversidade quando os próprios locais de preservação se encontram em zonas de guerra?
Como reportado pela Folha, as dissidências das FARC têm demonstrado poder e influência significativos, colocando em xeque a realização segura do evento. Este é um reflexo alarmante da fragilidade de nossos esforços de conservação em um mundo em que a violência e a instabilidade exageram em se sentirem fortes o suficiente para ameaçar até mesmo as iniciativas mais bem-intencionadas. A COP16 da Biodiversidade não é apenas um encontro de líderes e especialistas; é um símbolo de nossa determinação coletiva em enfrentar a crise ambiental global.
O episódio é uma metáfora poderosa para a situação de nossas florestas. A ameaça às negociações sobre biodiversidade é similar à ameaça constante que nossas florestas enfrentam devido ao garimpo ilegal e ao desmatamento impulsionado pelo agronegócio. Em ambos os casos, o que está em jogo não é apenas a perda de biodiversidade, mas a erosão de compromissos globais e locais com a sustentabilidade. Quando autoridades negligenciam a proteção florestal em prol de interesses econômicos imediatos, elas repetem, em escala diferente, a falha em garantir um ambiente seguro para a preservação e o diálogo sobre biodiversidade.
Ontem celebramos o Dia de Proteção às Florestas, uma data que deveria reafirmar nosso compromisso com a preservação das matas. No entanto, essa celebração ocorre em um cenário de crescente descaso e descuido. O contraste entre o discurso e a prática é gritante. Tanto lá, como cá. Assim como a COP16 enfrenta ameaças, nossas florestas enfrentam a devastação causada pela falta de fiscalização e pelo incentivo a atividades econômicas predatórias.
As soluções baseadas na natureza são mais do que uma estratégia eficaz para conservar a biodiversidade; são essenciais para sua regeneração. Proteger e restaurar ecossistemas naturais oferece uma abordagem holística que aborda as raízes das crises ambientais e sociais. A COP16 e o Dia de Proteção às Florestas devem servir como lembretes poderosos de que a verdadeira preservação exige não apenas a proteção, mas a regeneração ativa dos habitats naturais. É por meio dessas soluções que podemos garantir um futuro sustentável e resiliente para a biodiversidade global e consequentemente para nós mesmos, e nossas futuras gerações.