A crescente frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos expõe uma lacuna crítica no compromisso das empresas com o pilar de Governança (o ‘G’) do ESG. O caso das chuvas extremas que afetaram o Rio Grande do Sul em maio de 2024, resultando em um aumento significativo das indenizações da Porto Seguro e impactando diretamente seu balanço financeiro, é um exemplo alarmante da ineficácia das estratégias de governança no mapeamento e mitigação de riscos climáticos. Esse episódio serve como um alerta para a necessidade urgente de se repensar a estruturação de compliance nas empresas.
Dados recentes revelam que quase metade das empresas ainda não integra a sustentabilidade em suas áreas de compliance, um indicativo claro de que a governança corporativa não está acompanhando a complexidade e a urgência dos desafios contemporâneos. O despreparo das organizações em relação aos riscos climáticos não é apenas um descuido estratégico, mas uma falha grave de governança, que pode ter consequências devastadoras.
As seguradoras, como a Porto Seguro, encontram-se em uma posição vulnerável diante da intensificação dos desastres naturais, evidenciando uma cadeia de riscos que transcende o setor. Quem segura as seguradoras? A resposta está, inevitavelmente, na capacidade das empresas de fortalecer sua governança para enfrentar os desafios do futuro. Sem um mapeamento de riscos robusto e uma estrutura de compliance integrada à realidade climática, não há garantias suficientes para mitigar os impactos financeiros e sociais das catástrofes.
É imprescindível que as empresas evoluam na implementação de práticas de governança que contemplem os riscos emergentes, especialmente os relacionados às mudanças climáticas. A sustentabilidade não pode ser um elemento decorativo nas políticas de compliance, mas sim, um pilar central na governança corporativa. Apenas com uma abordagem preventiva e integrada será possível resguardar não só os resultados financeiros, mas também a resiliência das organizações em um cenário global cada vez mais imprevisível.
O ‘G’ do ESG não é apenas uma questão de conformidade normativa, mas uma necessidade estratégica para garantir a longevidade e a estabilidade das empresas. A inobservância deste pilar poderá resultar não só em prejuízos financeiros imediatos, mas também em uma perda irreparável de credibilidade e confiança.
Quando as empresas finalmente entenderão que uma governança forte é a única âncora capaz de resistir às tempestades que se avizinham?