A COP16, prevista para terminar amanhã, trouxe avanços significativos na integração de critérios de sustentabilidade nas práticas corporativas. Um dos destaques foi o anúncio de que Kering, GSK e Holcim – dos setores de moda, farmacêutico e construção, respectivamente – se tornaram as primeiras empresas a adotar publicamente metas científicas verificadas pela natureza, desenvolvidas pela Science-Based Targets Network (SBTN). A metodologia tem como objetivo orientar as empresas na redução de seus impactos ambientais e na promoção de práticas sustentáveis em suas operações globais.
A SBTN fornece um sistema de metas científicas para a natureza semelhante ao que já disponibiliza para o clima. A organização trabalha para desenvolver diretrizes que ajudem as empresas a definir metas baseadas em ciência para proteger e restaurar a natureza. O sistema é projetado para ser abrangente, abordando questões como água, biodiversidade, terra e oceanos, e fornece um roteiro claro para as empresas reduzirem seus impactos ambientais.
Outro avanço importante apresentado na COP16 foi a publicação, pela Taskforce on Nature-related Financial Disclosures (TNFD), de um rascunho de roteiro que será colocado em consulta. O documento visa melhorar o acesso do mercado a dados relacionados à natureza, apoiando a tomada de decisões de investimento. A iniciativa faz parte do desenvolvimento de um modelo de gestão de riscos financeiros relacionados à natureza, ajudando as organizações a identificar, avaliar e divulgar riscos e oportunidades.
Ao fornecer uma estrutura para a divulgação de informações sobre riscos relacionados à natureza, a TNFD busca incentivar práticas de investimento que considerem não apenas as mudanças climáticas, mas também a preservação da biodiversidade e a saúde dos ecossistemas.
Iniciativas como essas refletem uma visão cada vez mais abrangente dos critérios de sustentabilidade na tomada de decisões de investimentos. Ao expandir o foco para além das mudanças climáticas, incorporando também riscos e oportunidades relacionados à natureza, o mercado financeiro está se movendo em direção a uma abordagem mais integrada e responsável. Isso não apenas ajuda a proteger o meio ambiente, mas também assegura que as decisões de investimento sejam sustentáveis a longo prazo, beneficiando tanto as empresas quanto a sociedade.
* Gilberto Lima é produtor de conteúdo, dono da Agência Celacanto, especializado em clima e finanças sustentáveis, e parceiro da Alter Conteúdo