2 de dezembro de 2024 | Estratégia ESG, , ,

Mangueira, teu cenário é uma beleza!

Por Maíra Santafé

‘Mangueira, teu cenário é uma beleza que a natureza criou…’ Leu cantando? Eu também. Sim, hoje é o Dia Nacional do Samba. Mas, neste caso, não estou falando da escola de samba carioca. Estou cantando para a árvore, em homenagem a toda sua exuberância e à suculência de seu fruto. O pé de manga, nativo do sul e sudeste asiáticos, adaptou-se bem ao Brasil e se tornou parte da alimentação e da nossa cultura – inclusive a manga já foi enredo de agremiação carnavalesca, em 1993.

Um colega de trabalho, que passou as férias em Belém, quando voltou – encantado – falou sobre as tantas mangueiras que têm na cidade e explicou que, além das vantagens de ser uma árvore frutífera, a mangueira também ajuda a drenar a água, diminuindo o risco de alagamentos.

Logo, a música ‘Exaltação à Mangueira’, composta por Enéas Brites e Aloísio da Costa, em 1956, e eternizada na voz de Jamelão, ‘tocou’ na minha cabeça. Pensei: por que não plantar mangueiras e outras árvores frutíferas por todas as cidades do país?

Fui pesquisar sobre a árvore que dá nome à minha escola de samba de coração:

‘A raiz da mangueira é pivotante, o que significa que se aprofunda bastante no solo, oferecendo sustentação adequada. Essa característica proporciona sobrevivência em períodos de estiagem, ou seja, sem chuva.’ (Mundo Educação)

Imagino que o fato de a raiz ser muito profunda deva influenciar na drenagem da água. Perguntei, então, a um primo, engenheiro agrônomo, se minha desconfiança fazia sentido.

Ele me explicou que toda árvore ajuda a drenar o solo. ‘Elas funcionam como verdadeiras bombas de água, sugando do solo e liberando pra atmosfera como vapor. O vapor sai pelos estômagos que ficam embaixo das folhas. Pela lógica, quanto maior a copa de uma árvore e mais folhas tiver, maior será essa ‘bomba de água’. A raiz normalmente segue uma proporção em relação à copa da árvore. Quanto maior a copa, maior a raiz’, completou.

Voltei, então, a um texto que escrevi há alguns meses para a Estratégia ESG sobre cidades-esponja. O investimento na criação de áreas alagáveis – ou ‘jardins de chuva’ – nas cidades impactaria positivamente a prevenção das enchentes, certo? Agora imaginem árvores frutíferas plantadas por todas as ruas, principalmente as de raízes profundas, como a nossa querida mangueira? Além de tornar o ar mais limpo e deixar alimento saudável ao alcance de toda a população, sobretudo a quem mais precisa, essas belezuras ajudariam substancialmente a evitar os alagamentos.

O verão está chegando e com ele o período dos temporais – chupa essa manga! Quantas mais ‘vaquinhas’ de arrecadação de recursos para as vítimas das enchentes vindouras teremos que criar?

Melhor arregaçar as mangas e trabalhar na resolução dos problemas.

Por: Maíra Santafé