Enquanto o Brasil bateu um recorde de queimadas na Amazônia em junho, um levantamento da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) mostra que houve uma redução de 75% de pontos de fogo na área de 16 Unidades de Conservação (UCs) do Amazonas, que soma 11 milhões de hectares.
Na Amazônia como um todo, foram registrados 2.308 focos de incêndio em junho, o que representa um aumento de 2,6% em relação a junho de 2020. Já na área protegida das 16 UCs, que equivale ao tamanho da cidade de Aracaju, houve apenas um foco de incêndio.
Nas UCs avaliadas no levantamento vivem cerca de 40 mil pessoas que se sustentam com a produção de açaí, castanha, banana, cacau e farinha, entre itens da floresta. No primeiro semestre deste ano, apenas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, foram pescadas mais de 150 toneladas de peixe que renderam cerca de R$ 800 mil para 100 famílias.
“A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) investiu no desenvolvimento de tecnologia para que essas comunidades e famílias pudessem desenvolver projetos e ações que pudessem ir na contramão do desmatamento”, afirmou Valcléia Solidade, superintendente da FAS, em reportagem ao Jornal das 10, da GloboNews. “Quando você vive em um ambiente como esse, dificilmente você passa fome. E a floresta vale mais em pé do que derrubada”.
Soluções Baseadas na Natureza
A atuação da FAS vai ao encontro do conceito das Soluções Baseadas na Natureza (SbN), que consistem em ações que buscam manejar e restaurar ecossistemas naturais ou modificados, de forma que proporcionem benefícios ambientais, sociais e econômicos.
O termo foi cunhado pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), e se baseia em 7 princípios:
- Entregar uma solução efetiva para um desafio global, utilizando a natureza
- Fornecer benefícios da biodiversidade em termos de diversidade e ecossistemas bem manejados
- Apresentar a melhor relação custo-efetividade quando comparada com outras soluções
- Ser comunicada de maneira simples e convincente
- Pode ser medida, verificada e replicada
- Respeitar e reforçar os direitos das comunidades sobre os recursos naturais
- Atrelar fontes de financiamento público e privadas
Uma das referências da aplicação do conceito no Brasil é o projeto Amazônia 4.0, concebido pelo climatologista Carlos Nobre. A iniciativa busca incentivar a economia da região de forma sustentável, e conta com o apoio de professores de Engenharia da Computação da USP para a aplicação de projetos laboratoriais.