A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), realizada em Glasgow, alcançou consensos importantes sobre metas relacionadas a emissões de gases de efeito estufa e financiamento de projetos. Porém, ainda estamos longe da meta de manter o aumento da temperatura global em 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.
De acordo com relatório divulgado pela Climate Action Tracker, mesmo com os compromissos assinados durante a COP26, o aquecimento global ruma para 2,4ºC. Por essa razão, os resultados alcançados durante o encontro foram recebidos com pessimismo por alguns especialistas. Entre eles, o secretário-geral da Câmara de Comércio Internacional, John Denton, ao declarar que “o acordo não é motivo de celebração”.
Um dos principais alvos das críticas foi a menção ao uso de combustíveis fósseis, que ficou vaga e sem metas precisas. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, por outro lado, elogiou o texto, que considerou “uma sentença de morte ao uso da energia do carvão”.
Confira 5 decisões relevantes tomadas durante a COP26:
Mercado regulado de carbono
Em um acordo histórico, os representantes de quase 200 países presentes na COP26 aprovaram as regras de funcionamento de um mercado regulado de créditos de carbono, vinculado ao Acordo de Paris. As diretrizes estabelecem mecanismos de transparência para que os países possam utilizar ou não os créditos negociados na meta de redução de emissões assumidas no Acordo de Paris, contidas na Contribuição Nacionalmente Determinada, conhecida como NDC. Além disso, os projetos geradores de crédito de carbono também passarão por auditoria em nível internacional, conduzida pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC)
Eliminação do metano
Liderado pelos Estados Unidos e pela União Europeia, acordo assinado por mais de 100 países durante a COP26 estabelece a meta de redução das emissões globais de metano em 30% até 2030, em relação a 2020. A proposta, contudo, não foi endossada por países com altas taxas de emissões, como Rússia, China e Índia. O Brasil, contudo, foi um dos signatários.
Combate ao desmatamento
Representantes de mais de 100 países, incluindo o Brasil, assinaram acordo durante a COP26 que estabelece o fim do desmatamento e da degradação da terra até 2030. Os países signatários, que representam 85% das florestas do mundo, se comprometeram com a destinação de US$ 12 bilhões de fundos públicos e US$ 7,2 bilhões do setor privado para o financiamento de iniciativas para enfrentamento do problema. O acordo foi celebrado pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.
Uso de combustíveis fósseis
O acordo final da COP26 incluiu trecho no qual é estabelecido o compromisso com a redução do uso de combustíveis fósseis. A versão final do texto foi modificada após pressão de países produtores de petróleo, que vetaram o termo “eliminação progressiva”. Ainda assim, a inédita menção ao uso de combustíveis fósseis no documento foi considerado um avanço por especialistas.
Financiamento de países em desenvolvimento
Representes de países desenvolvidos reconheceram, durante a COP26, que não conseguiram cumprir a meta de destinar US$ 100 bilhões anuais em projetos de descarbonização em países em desenvolvimento, estabelecida em 2009, durante a COP15 em Copenhague. Durante o encontro, houve comprometimento com um valor duas vezes maior de financiamentos, porém o texto final é vago sobre prazos.