Com a COP30 no horizonte e discussões fundamentais em andamento desde a COP29 e a COP16, o ano de 2025 se desenha como emblemático para os temas conectados à sustentabilidade. Mais do que uma obrigação, comunicar a sustentabilidade será um ato estratégico para empresas, governos e organizações que buscam protagonismo em um cenário onde os desafios ambientais, sociais e econômicos exigem respostas claras, impactantes e bem articuladas.
Comunicar temas da sustentabilidade em 2025 significa ir além do óbvio. Trata-se de conectar narrativas locais e globais, promover engajamento em torno de compromissos reais e utilizar a comunicação como ferramenta de transformação. Abaixo, exploramos tendências-chave que irão moldar a comunicação da sustentabilidade no próximo ano, ampliando as discussões com novas perspectivas e conexões relevantes.
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Relatórios de sustentabilidade como narrativas acessíveis
Com o início das exigências da Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) na União Europeia, relatórios deixarão de ser apenas documentos técnicos para se tornarem instrumentos estratégicos de comunicação. No Brasil, a Resolução CVM 193 marca uma nova era para os relatórios de sustentabilidade. Em 2025, comunicar sustentabilidade será mais do que cumprir uma exigência normativa: será uma oportunidade de demonstrar impacto, engajar stakeholders e fortalecer o posicionamento estratégico da empresa.
O que deve ser feito:
- Transformar dados em histórias. As empresas precisam narrar os impactos sociais e ambientais de suas ações de forma acessível, conectando números a mudanças reais e tangíveis.
- Incorporar design interativo. Ferramentas como infográficos animados e dashboards online tornam a comunicação mais compreensível e atraente.
- Ampliar o alcance do relatório. Versões resumidas para redes sociais, vídeos explicativos e materiais visuais podem democratizar o acesso às informações.
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Financiamento climático: comunicar impacto com clareza
Desde a COP29, o financiamento climático permanece um dos pontos críticos das negociações internacionais. A mobilização de recursos financeiros para a adaptação climática e mitigação de impactos exige transparência e, mais do que isso, uma narrativa que conecte números a mudanças reais.
O que deve ser feito:
- Traduzir cifras em resultados tangíveis. Mostrar como o financiamento climático beneficia comunidades vulneráveis, preserva ecossistemas e promove inovação sustentável é essencial para engajar o público.
- Promover parcerias. A comunicação deve destacar como governos, empresas e organizações estão trabalhando juntos para alocar recursos de forma eficiente e responsável.
- Explorar narrativas locais e globais. Histórias de impacto local podem ser amplificadas para demonstrar como ações pontuais contribuem para mudanças sistêmicas.
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Patentes e biodiversidade: ética e inclusão no centro da mensagem
As discussões da COP16 sobre patentes associadas à biodiversidade e ao conhecimento tradicional trouxeram à tona a necessidade de maior clareza e compromisso ético por parte das empresas. Em 2025, a comunicação sobre o uso de recursos genéticos será fundamental para garantir legitimidade.
O que deve ser feito:
- Valorizar saberes tradicionais. Empresas devem comunicar como colaboram com comunidades locais e como respeitam seus direitos e conhecimentos.
- Explicar acordos de repartição de benefícios. Detalhar como as parcerias respeitam os marcos legais e garantem compensação justa fortalece a confiança dos stakeholders.
- Evitar ambiguidades. As mensagens devem ser diretas e respaldadas por dados, garantindo que o público compreenda os compromissos assumidos.
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Humanização da transição energética
A transição energética é essencial para a descarbonização, mas suas implicações vão além de mudanças tecnológicas. Envolve pessoas, empregos, comunidades e cadeias produtivas. Em 2025, a comunicação deve destacar essas histórias humanas para engajar de forma mais eficaz.
O que deve ser feito:
- Contar histórias reais. Mostrar o impacto positivo das energias renováveis em comunidades, desde geração de empregos até a melhoria da qualidade de vida, cria conexão emocional com o público.
- Relacionar a transição com justiça social. Comunicar como políticas energéticas estão alinhadas à equidade e à inclusão reforça a legitimidade das iniciativas.
- Promover a economia circular. Explicar como práticas sustentáveis de gestão de resíduos e recursos complementam a transição energética amplia o entendimento do público.
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Ampliação da dimensão social no ESG
A inclusão de questões sociais como diversidade, equidade e direitos humanos no ESG se consolidará ainda mais em 2025. Empresas que não abordarem esses temas de forma clara perderão oportunidades de engajamento com seus stakeholders.
O que deve ser feito:
- Demonstrar ações concretas. Comunicar iniciativas internas e externas de inclusão e diversidade com resultados claros reforça a autenticidade da mensagem.
- Ampliar vozes diversas. Dar espaço a lideranças femininas, indígenas e de grupos sub-representados cria identificação e engajamento.
- Conectar a pauta social à sustentabilidade. Mostrar como os avanços sociais estão integrados às metas ambientais reforça a visão sistêmica da sustentabilidade.
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Uso estratégico da tecnologia na comunicação
Ferramentas como inteligência artificial (IA), análise de big data e Internet das Coisas (IoT) têm um papel crescente na sustentabilidade. Em 2025, a comunicação pode explorar essas tecnologias para amplificar mensagens e melhorar a eficiência das estratégias.
O que deve ser feito:
- Personalizar mensagens. IA pode ajudar a adaptar a comunicação a diferentes públicos, aumentando o impacto das campanhas.
- Facilitar o acesso a dados. Tecnologias interativas, como painéis em tempo real, tornam a sustentabilidade mais tangível e confiável.
- Inovar na apresentação. Recursos como realidade aumentada (AR) e visualizações imersivas ajudam a explicar temas complexos de forma envolvente.
Conclusão
A comunicação da sustentabilidade em 2025 não será apenas sobre informar; será sobre transformar. Conectar compromissos globais a impactos locais, traduzir dados complexos em histórias humanas e promover uma comunicação ética e inclusiva serão ações fundamentais para empresas e instituições.
Com a COP30 colocando o Brasil no centro do debate global, há uma oportunidade única para construir narrativas que inspirem ação, engajem públicos diversos e consolidem o papel da comunicação como vetor de mudança.
Neste cenário, as tendências apresentadas são mais direções claras para transformar desafios em oportunidades. O ano de 2025 será destinado a criar narrativas que ressoem e gerem impacto real.