‘Recomeçar’ é um conceito carregado de resiliência e esperança. É verbo que nos motiva a enfrentar e superar as adversidades que a vida impõe. Para as pessoas que vivem no Rio Grande do Sul, castigadas severamente pelas chuvas que não cessam e devastam casas e vidas em centenas de municípios, não é apenas uma ideia. É uma realidade que se impõe.
Este, que já é classificado como o maior desastre ambiental da história gaúcha, devastou ontem (de novo!) municípios, levou a ruínas pontes e estradas, isolou territórios e desabrigou milhares de vidas. Em Porto Alegre, as aulas foram suspensas em todas as escolas, públicas e privadas.
O ato de recomeçar implica olhar para além das perdas e do sofrimento, encontrando forças para construir novamente o que foi desfeito, seja material ou emocionalmente.
No Rio Grande do Sul, recomeçar não significa apenas reconstruir casas, restaurar comunidades e infraestruturas, restabelecer negócios. Significa também ter muita resiliência emocional para resgatar a esperança e seguir em frente. Em seu cerne, resiliência é a capacidade de se recuperar rapidamente das dificuldades, de se adaptar frente às adversidades, de resistir sob pressão e, em última análise, emergir fortalecido e mais preparado.
Particularmente, não sou capaz de dimensionar o grau de resiliência emocional que está sendo exigido hoje do povo gaúcho. Em um misto de dor profunda pela perda e determinação para seguir adiante, muitos já estavam na limpeza, nos reparos e na substituição de bens perdidos. Mas veio a chuva novamente… E aí é preciso reiniciar uma jornada emocional. Primeiro tem que processar o trauma, depois manter ou recuperar a esperança e, então, retomar as rédeas de suas vidas. Dos gaúchos essa tem sido uma exigência constante nas últimas semanas.
Para os gaúchos, o recomeço se apresenta como um processo multifacetado que envolve resiliência emocional, reconstrução material e renovação comunitária. Essa tragédia é a prova de que, mesmo diante do caos, a capacidade humana de resiliência e esperança pode abrir caminho para novos começos e recomeços, mais fortalecidos e conscientes. A dor da perda é real e profunda, mas a força para reconstruir e seguir em frente é uma poderosa testemunha da tenacidade do espírito humano.
Bom fim de semana!
(*) Eduardo Nunes é parceiro da Alter Conteúdo