21 de junho de 2024 | Estratégia ESG, ,

A crise climática custa caro

Por Eduardo Nunes

Na última quarta-feira (18/6), a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) atualizou os dados sobre os pedidos de indenizações de moradores do Rio Grande do Sul que perderam casas, carros, propriedades rurais e empresas atingidos pelas chuvas. Até este dia, foram registrados 48.870 pedidos de indenizações, que totalizaram mais de R$ 3,88 bilhões.

Se considerarmos que a penetração do seguro ainda é baixa no Brasil – cerca de 3% do PIB – e que alcança especialmente as classes mais abastadas, esse valor espelha só uma pontinha do iceberg desse prejuízo. Atualmente, no Brasil, só 30% da frota de veículos tem cobertura de seguro. Apenas 17% das residências estão seguradas, e 10% da área cultivada no Brasil tem a proteção do seguro rural.

No setor industrial, de acordo com um levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), as enchentes levaram à paralisação total ou parcial de 63% das indústrias gaúchas. Entre os principais problemas estavam questões logísticas para escoamento da produção e recebimento de insumos e relacionadas a colaboradores e fornecedores impactados pelas chuvas, entre muitos outros.

Metade das 220 empresas ouvidas pela Fiergs relataram perdas de até R$ 50 mil, e dois terços, prejuízos de até R$ 216 mil. As micro e pequenas empresas tiveram um prejuízo médio de R$ 117 mil; médias e grandes relataram prejuízo médio de R$ 4,5 milhões.

Ano passado, os eventos climáticos extremos geraram perdas financeiras de US$ 250 bilhões em todo o mundo, segundo a Munich Re, a maior resseguradora do mundo. Não é à toa que a crise climática figura há anos entre os principais riscos globais nas pesquisas que o Fórum Econômico Mundial faz anualmente com milhares de especialistas em riscos, decisores políticos e líderes da indústria. No Brasil, estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estima um prejuízo de R$ 401,3 bilhões entre 2013 e 2013 em razão dos desastres naturais.

Neste momento, o aumento da temperatura é observado globalmente. Esta semana, mais de 1.000 peregrinos morreram durante a peregrinação à Meca por causa do intenso calor na Arábia Saudita, com temperaturas de quase 52⁰C. Nos EUA, um domo de calor vai levar a temperatura nos próximos dias a níveis acima dos 38⁰C em uma região – do centro-oeste à costa leste – onde vivem 70 milhões de pessoas. No Golfo do México, a tempestade Alberto, a primeira nomeada da temporada de furacões do Atlântico Norte, matou pelo menos quatro pessoas no México e provocou fortes chuvas no Texas.

Em Paris, sede dos Jogos Olímpicos, que começam em 26 de julho, há preocupações sobre os riscos à saúde dos atletas com o calor do verão europeu, segundo o relatório da British Association for Sustainable Sport e Frontrunners.

Por aqui, a previsão é de um inverno com termômetros até 3⁰C acima da média histórica e tempo seco em todo o país, alerta o Climatempo, com exceção das regiões Norte e extremo Sul. Essa combinação – calor e tempo seco – ameaça o Pantanal, que já havia registrado, até o dia 14 de junho, 733 focos de queimadas, o maior da série histórica do Inpe.

É mais que evidente a urgência de uma ação coordenada para enfrentar os desafios climáticos e socioeconômicos que se impõem. Os custos da inação são altos e podem resultar, inclusive, em perdas de vidas humanas.

Qual o preço que você está disposto a pagar?

Bom fim de semana!

(*) Eduardo Nunes é parceiro da Alter Conteúdo

Por: Eduardo Nunes