4 de julho de 2024 | Estratégia ESG, , , ,

Arte e resistência ao ódio e à transfobia

Por Danilo Pessôa

O curta-metragem ‘Será que ele gosta de mim?’, que teve sua pré-estreia no sábado (29/6) na cidade de Sumaré (SP), foi alvo de ataques transfóbicos. Uma pessoa, auto-intitulada atriz, psicóloga e educadora, saiu no meio da sessão e gravou stories em seu Instagram atacando a comunidade trans e o filme. A violência ocorreu apenas um dia depois do Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância de se combater a LGBTfobia, construindo uma sociedade livre de preconceitos e de violência.

O filme conta a história de Lúcio, um garoto que está em uma jornada de autodescoberta e transição de gênero. É uma produção livre para todas as idades, sem qualquer conotação sexual e que fala sobre amizade, respeito e amor.

Como roteirista do curta, aliado da causa trans, e em nome da produtora Bilateral Filmes, lamento muito o fato e reitero o nosso apoio incondicional à toda a comunidade trans. E penso que o episódio é mais uma prova do quanto abordar esse tema é cada vez mais relevante e necessário e do quanto o combate a crimes de ódio é urgente.

Nossa proposta ao realizar essa produção foi trazer o tema de uma forma leve, com foco no respeito, na amizade e no amor. Mostrar que pessoas trans possuem outras possibilidades que não apenas a de sofrimento e exclusão, mas também de afeto e aceitação.

Infelizmente crimes de ódio como esse são só a ponta do iceberg. No Brasil, o país que mais mata pessoas trans no mundo, um crime motivado por transfobia acontece a cada três dias, de acordo com levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Além da necessidade de abordarmos continuamente esse tema, leis de incentivo à cultura, como a Lei Paulo Gustavo, que financiou o filme, são importantes para que se possa contar histórias que não vemos no grande circuito. Histórias de pessoas que existem, estão do nosso lado, mas que são invisibilizadas e que muitas vezes sequer têm seu direito à vida garantido. 

Nosso sincero respeito e admiração à toda a equipe que fez o filme se tornar realidade. Especialmente aos atores e atrizes trans que integraram o nosso elenco: o protagonista Guilherme Campos, o ator Erick Barbi e a atriz Isabelly Gonçalves.

Quanto ao episódio de violência transfóbica, um boletim de ocorrência foi registrado e estamos acompanhando de perto o desenrolar do caso. Não passarão!

Por: Danilo Pessôa