Ao que parece, a humanidade acaba de ganhar mais uns anos de existência. Essa afirmação pode ser um tanto radical ou até cômica, mas as últimas notícias que chegam da Europa dão um fôlego extra para quem tem alguma preocupação com a manutenção da vida no planeta.
É que, na mesma semana, os britânicos deram a vitória ao Partido Trabalhista nas eleições legislativas – e por maioria absoluta. Keir Starmer, o novo premier, assume após 14 anos de domínio conservador no parlamento. Apesar de não haver tantas disparidades nos discursos no que diz respeito ao meio ambiente (como há em outras tantas cercanias), na prática, o ex-primeiro-ministro e rival de Starmer nas eleições, Rishi Sunak, desconsiderou completamente a política climática de seu próprio governo e concedeu centenas de autorizações de perfuração de hidrocarbonetos no Mar do Norte – e ainda havia a previsão de mais chancelas. Enquanto os trabalhistas afirmam que, sob sua liderança, essas licenças não serão mais concedidas.
Na França, a virada triunfal da aliança popular contra a extrema-direita de Marine Le Pen, afastou um projeto de governo que sequer mencionava a palavra ‘clima’, segundo análise da Climate Action Network (CAN). A agenda que ameaçou tomar o parlamento francês desestimulava a energia renovável, enquanto priorizaria o uso de combustíveis fósseis, entre outras medidas ‘anti-humanidade’. Um retrocesso que aconteceria, ironicamente, em plena sede do Acordo de Paris.
Podemos respirar um pouco mais aliviados, já que o que estava à espreita conseguia ser pior do que o panorama atual – que já não é bom. É verdade que ainda precisamos conferir como os escolhidos atuarão, mas conforta saber que, mais uma vez, prevaleceu o bom senso e não a pulsão para a autodestruição.
Mas ainda há um grande desafio: as eleições norte-americanas. O governo de Joe Biden não foi um expoente das pautas ambientais. Porém, seu oponente, Donald Trump, representa a total negação delas. Um dos maiores emissores de poluentes do mundo, os EUA são atrelados ao lobby industrial seja quem for o mandatário. Mas a situação tende a piorar quando há um presidente disposto a abolir acordos e leis ambientais já existentes, além de enfraquecer a proteção de espécies animais e de territórios até então preservados, liberando a exploração de recursos naturais. Em 2024, Trump repete suas mesmas estratégias e trata a crise climática como boato, despejando uma infinidade de fake news que têm por objetivo o descrédito da pauta (ou o fim da nossa existência?).
Que os ventos que sopraram pela Europa esta semana, a favor da manutenção da vida no planeta – pelo menos por mais um tempo -, também soprem pelos lados da América do Norte em breve.