Dia da Amazônia. Você, que acompanha a Estratégia ESG, talvez esperasse um editorial que falasse da importância de conservarmos o bioma, com dados sobre os impactos da ação humana e da (in)eficácia das políticas públicas para impedir as queimadas e o avanço do desmatamento. Mas, hoje, vou sair deste lugar e falar sobre o que senti na primeira vez em que estive na Amazônia.
A Fundação Toyota do Brasil, um dos clientes que atendo na ALTER, iniciou uma parceria, por intermédio da Kelly Lima (nossa CEO), com o Projeto Saúde & Alegria, que atua há quase 40 anos na região. O Projeto Escola Floresta Ativa – nome dado à iniciativa – foi criado especialmente para atender às demandas por qualificação em empoderamento digital, manutenção de painéis solares, economia criativa, artesanato da floresta, gestão e proteção territorial e turismo de base comunitária. Cerca de 500 pessoas de Santarém (PA) e do entorno da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns vão participar dos cursos.
O lançamento da parceria aconteceu na sede do Saúde & Alegria, em Santarém, e eu tive a oportunidade de acompanhar. Logo de cara, fui impactada por falas potentes de lideranças indígenas e quilombolas – todas mulheres –, que compartilharam suas experiências e vivências milenares com a Floresta Amazônica. Era só o início de uma jornada que me transformaria para sempre.
No dia seguinte, visitamos o Centro Experimental Floresta Ativa (CEFA) para acompanhar o encerramento de um dos cursos. Foi nesse momento que eu e o rio Tapajós nos vimos pela primeira vez – para chegar ao CEFA, é preciso navegar por suas águas quentes e calmas. Voltando à agenda do dia, ao final das apresentações dos jovens que concluíram o curso de Empoderamento Digital, muitos vieram falar comigo, me abraçar e tirar fotos. Mas as palavras de um rapaz em especial me marcaram muito: “uma mulher preta jornalista e um quilombola, precisamos registrar isso”. De alguma forma, ele se reconheceu em mim (representatividade importa). Tive que me controlar para não chorar. Achei que não seria possível me emocionar mais, mas mal sabia que a Amazônia ainda guardava surpresas.
No retorno para Alter do Chão, o encontro com Tapajós, dessa vez de corpo e alma, finalmente aconteceu! Ao mergulhar, foi como se meu caminho até ele tivesse sido traçado há tempos: vir trabalhar na Alter (que foi uma mudança e tanto para mim), não esmorecer diante dos desafios diários da vida pessoal, me dedicar com tanto carinho e profissionalismo ao atendimento à Fundação Toyota, a vinda para Alter do Chão, as palavras marcantes das lideranças, o abraço do jovem quilombola. Naquele breve momento, em que eu e o Tapajós nos tornamos um só, entendi que estava tudo conectado. De lá pra cá, me tornei uma nova Carol, agora tenho um pedaço da floresta em mim.
Neste Dia da Amazônia, desejo que todos tenham a mesma oportunidade que tive de sentir a força da Floresta Amazônica na pele. Quem sabe assim não entendam, de uma vez por todas, que mantê-la de pé, viva e soberana, assim como as comunidades tradicionais que nela habitam, é nos manter de pé também.