A pouco mais de um mês da reunião de cúpula do G20, no Rio de Janeiro, a reunião de ministros de Energia das 20 maiores economias do mundo, encerrada na sexta-feira (4/10), em Foz do Iguaçu, obteve consensos importantes sobre os combustíveis renováveis. Porém, decepcionou quem esperava uma postura mais ambiciosa em relação ao uso de combustíveis fósseis. Durante o debate, a Agência Internacional de Energia (IEA) defendeu a prioridade na aceleração nos investimentos em energias limpas, bem como viabilizar tecnologias que possibilitem uma transição global mais equitativa.
Ao final do encontro, o ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, anunciou o compromisso firmado pelos países do bloco de triplicar a oferta de energias renováveis até 2030. O grupo também assumiu uma lista com dez princípios para uma transição energética limpa, sustentável, justa, acessível e inclusiva, ou seja, que atue no combate à pobreza energética, no respeito a direitos humanos e sociais e na proteção aos grupos mais afetados. Este é o caso, por exemplo, de trabalhadores do setor de energia fóssil e comunidades impactadas por usinas de geração de energia renovável.
No entanto, de acordo com análise do ClimaInfo, o texto final acordado pelos ministros deixou a desejar em relação ao fim do uso de combustíveis fósseis. O coordenador de Política Internacional do Observatório do Clima, Claudio Angelo, disse que os ministros dos 20 principais emissores de carbono do planeta foram “incapazes de fazer o mínimo” e reafirmar a determinação da última Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP28, sobre o abandono gradual dessas fontes.
A lacuna reflete as tensões internas do G20, que reúne economias com diferentes níveis de dependência dos combustíveis fósseis. Enquanto alguns países avançam rapidamente em seus esforços de descarbonização, outros ainda enfrentam grandes desafios para garantir segurança energética sem recorrer a esses insumos.
A cúpula do G20 no Rio pode ser uma oportunidade para abordar essa questão de forma mais clara e decisiva, à medida que a pressão por ações climáticas mais contundentes cresce entre as nações e a sociedade civil. Será essencial observar se os líderes mundiais estarão dispostos a assumir compromissos mais firmes em relação ao futuro dos combustíveis fósseis e ao papel que cada país desempenhará na luta contra as mudanças climáticas.
* Gilberto Lima é produtor de conteúdo, dono da Agência Celacanto, especializado em clima e finanças sustentáveis, e parceiro da Alter Conteúdo