Responsável por 20% da biodiversidade mundial, o Brasil está no centro das atenções da 16ª Conferência das Nações Unidas sobre a Biodiversidade (COP16), iniciada nessa segunda-feira (21) na cidade colombiana de Cali. O país chega ao encontro com a imagem ainda chamuscada pelos incêndios que resultaram em níveis históricos de devastação na Amazônia e no Pantanal.
Além disso, o Brasil não apresentará durante a conferência sua Estratégia e Planos de Ação Nacional de Biodiversidade (NBSAP, na sigla em inglês). No lugar de uma versão definitiva do seu plano de ação, o país apresentará um documento com contribuições e avanços realizados até agora.
A NBSAP é parte do compromisso firmado pelos países para a implementação do Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal. O documento foi assinado por representantes de 196 nações em dezembro de 2022 e estabelece 23 metas globais para 2030 e quatro objetivos de longo prazo para 2050. Entre as metas mais ambiciosas estão a proteção de 30% das áreas terrestres e marinhas globais; a restauração de 30% dos ecossistemas degradados; e a redução pela metade do risco de extinção de espécies.
Para alcançar esses objetivos, estima-se que sejam necessários US$ 384 bilhões anuais até 2025 em escala mundial – duas vezes e meia os US$ 150 bilhões investidos atualmente em biodiversidade. Daí a importância da COP16: acelerar discussões (e ações) sobre mecanismos de financiamento inovadores para conservar a biodiversidade e a integração de riscos relacionados à natureza nas análises financeiras.
É uma oportunidade para investidores se aprofundarem nas oportunidades oferecidas pela transição para uma economia mais sustentável. Além de sua responsabilidade na preservação da biodiversidade.
O contexto de recuperação pós-queimadas no Brasil pode servir como modelo para outros países com grande biodiversidade enfrentando desafios similares. A conferência pode catalisar mais iniciativas semelhantes, criando um efeito cascata de investimentos em conservação e uso sustentável da biodiversidade em escala global.
* Gilberto Lima é produtor de conteúdo, dono da Agência Celacanto, especializado em clima e finanças sustentáveis, e parceiro da Alter Conteúdo