19 de novembro de 2024 | Estratégia ESG, , , ,

Mudança climática e equidade racial: a saída é política

Por Áury Florentino

Cresci acreditando que meio ambiente era sobre salvar florestas distantes ou proteger espécies ameaçadas – uma narrativa amplamente reforçada pelo capitalismo e pelas mídias que ele molda. Só mais tarde entendi que essa discussão também atravessa as esquinas das periferias, os quintais das casas simples e os rostos de quem já vive com muito pouco. É aqui que a justiça climática encontra a equidade racial. E é onde a Ambiafro, uma organização transformadora, prova que um futuro sustentável só é possível se incluir todos nós.

O Brasil é um país de contrastes: riquezas naturais incríveis e desigualdades gritantes. Por aqui, a ONG trabalha para encurtar essa distância, ao integrar as populações negras e periféricas no centro das discussões ambientais e de sustentabilidade. Não se trata apenas de sentar à mesa das grandes decisões; trata-se de construir mesas maiores, em que vozes antes silenciadas possam ecoar com força.

O desafio da inclusão em um cenário desigual

A luta por justiça climática também é uma questão racial. Quem mais sofre com eventos climáticos extremos? Quem vive nas áreas mais vulneráveis, com menos infraestrutura e proteção?

Estudos mostram que desigualdades sociais, frequentemente atravessadas por raça, amplificam os impactos das mudanças climáticas. Relatórios como o do IPCC destacam que populações periféricas e negras enfrentam os maiores riscos em crises ambientais.

A Ambiafro faz frente a essas questões com ações práticas e concretas. Por meio de programas de capacitação – como cursos em sustentabilidade e bolsas de estudo –, cria oportunidades reais para que pessoas negras ocupem espaços de decisão antes inalcançáveis.

De pequenos atos a grandes estruturas

A crise climática é um desafio coletivo e, portanto, exige soluções estruturais. A ideia de que separar lixo ou economizar água resolve o problema é insuficiente, e, muitas vezes, distrai do essencial: o engajamento político.

Embora ações individuais tenham seu valor, a mudança real começa com políticas públicas robustas e ações coletivas que pressionem por transformações profundas na relação com a terra e as pessoas. A Ambiafro entende essa necessidade e constantemente abre novas frentes de trabalho. Seja no fomento ao empreendedorismo sustentável ou na formação de lideranças jovens, a organização molda o presente para que o futuro seja mais do que uma promessa distante, especialmente em tempos de crises que se agravam.

A luta pela justiça racial sempre foi urgente, mas agora, com as mudanças climáticas, torna-se vital. Quem mais sofre com o aumento das temperaturas, enchentes e secas extremas não pode esperar por mudanças graduais. A responsabilidade de transformar essa realidade é coletiva.

Ao votar, participar de ações comunitárias ou apoiar iniciativas como a da Ambiafro, ajudamos a pavimentar um caminho mais justo para todos. Pois, um futuro sustentável exige ação hoje – em conjunto.

Qual a sua ação para fazer parte desta transformação?

* Em novembro, os editoriais da Estratégia ESG serão escritos exclusivamente por autoras e autores negras e negros. Um símbolo para que ultrapassemos — enquanto sociedade — as fronteiras do mês e tenhamos vozes negras sempre, ativas e ecoantes. Acompanhe conosco!

Por: Áury Florentino