Desde 2016, a Prefeitura de Salvador realiza um levantamento de áreas vulneráveis, após deslizamentos nos bairros de Bom Juá e Barro Branco deixarem 16 mortos em 2015. Foram identificadas 171 áreas de risco, incluindo a comunidade de Saramandaia, onde recentemente um deslizamento de terra matou duas pessoas e pôs em risco vários imóveis. Mais um desfecho trágico da crise climática sem que nada de concreto tenha sido feito.
Eventos climáticos já não são novidade para o setor de seguros, mas, certamente, a recorrência dos últimos tempos está chacoalhando as seguradoras. No Rio Grande do Sul, que ficou submerso em maio, os pedidos de indenização superaram R$ 6 bilhões, calcula a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). E o Valor mostra que o Brasil concentra 1,5% das perdas globais com eventos climáticos extremos.
Os eventos extremos têm potencial de alterar a modelagem de risco das seguradoras, aumentando os valores das apólices. Mas essas empresas podem ser aliadas poderosas na luta contra as mudanças climáticas, tanto por seus produtos e serviços como por suas ações e investimentos. Ao promover a sustentabilidade, aumentar a resiliência e educar sobre os riscos climáticos, as companhias de seguro podem desempenhar um papel ativo em ajudar empresas, cidades e a população a se adaptarem aos novos desafios impostos pelo clima.
Em recente conteúdo patrocinado no Capital Reset, a CNseg escreve que as mudanças no clima exigem proteção mais abrangente e rápida para famílias, empresas e governos. A confederação esteve na COP 29, em Baku, Azerbaijão, para discutir soluções. De acordo com seu presidente, Dyogo Oliveira, especialistas defendem a ampliação da cobertura de seguros e a garantia de indenizações mais rápidas em caso de acidentes.
‘A mudança climática não é provocada localmente, mas seu custo muitas vezes recai sobre uma região específica; e, nela, sobre os mais pobres’, diz Oliveira. ‘Seguros são parte da solução. São uma forma de distribuir os custos da crise’, complementou.
A entidade se tornou integrante da Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP FI) e foi convidada a atuar como promotora do FIT, o Fórum para Transição de Seguros Para Zero Emissões Líquidas. O FIT é um esforço da ONU para acelerar a adequação do setor segurador ao novo cenário climático.
Organizações na linha de frente para conter a crise já perceberam a importância desse setor. Finanças antecipatórias devem permitir que populações se preparem para o impacto de fenômenos extremos, em vez de apenas reagir depois que elas ocorrem. E isso inclui seguros antecipatórios, que podem ser destinados a proteger produção agrícola, pequenas empresas, residências e outros ativos importantes para comunidades em risco.
Por isso a mobilização do setor brasileiro de seguros chega em boa hora.