Hoje é Dia Mundial do Consumidor, criado para proteger e lembrar sempre dos direitos do consumidor. E assim como acontece com outras datas, a exemplo do Dia Internacional da Mulher, o significado inicial parece ser frequentemente desvirtuado.
Confesso que eu mesma precisei fazer uma busca sobre a data, que vem sendo apresentada como mais uma ‘oportunidade de promoções e boas compras’ pelo comércio. Na minha busca, descobri que o Dia do Consumidor foi instituído pela primeira vez em 1962, pelo então presidente dos EUA John Kennedy. Foi uma forma de dar proteção aos interesses dos consumidores do país em quatro direitos fundamentas: direito à segurança; direito à informação; direito à escolha; e direito de ser ouvido.
Não me surpreende que a data tenha sido criada na ‘terra do Tio Patinhas’ – quem tem menos idade pode conhecer aqui um pouco da história desse personagem de história em quadrinhos criado há quase 80 anos. Um país conhecido historicamente por estimular o consumo desenfreado.
Mas achei interessante refletir sobre esses direitos fundamentais. E como a data foi desvirtuada para aumentar ainda mais o volume de compras, com propagandas para a ‘semana do consumidor’ – em alguns casos os anúncios já criaram o ‘mês do consumidor’. E me questiono, em tempos em que o Dia da Sobrecarga da Terra tem chegado cada vez mais cedo, sobre o quão distantes estamos de informar os consumidores para que as escolhas sejam feitas da melhor forma.
Conectando com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, da ONU (para quem não me conhece, sou fascinada pela Agenda 2030), essa data remete ao ODS 12, de Produção e Consumo Sustentáveis. Nele, a meta 12.6 propõe ‘incentivar as empresas grandes e transnacionais, a adotar práticas sustentáveis e a integrar informações de sustentabilidade em seu ciclo de relatórios’.
Essa demanda vem aumentando nos últimos anos, e espero que continue crescendo a prática de escuta das partes interessadas por meio do processo de materialidade (quem quiser saber mais, leia aqui) e o relato das práticas de gestão das empresas… desde que estas compreendam que os relatórios devem ser peças que mostrem de modo transparente a gestão dos impactos socioambientais, não apenas uma peça de marketing.
Poderia escrever horas sobre o tema, mas vou finalizar apenas com uma provocação: neste Dia Mundial do Consumidor, em vez de ir às compras, que tal consultar o relatório de alguma das empresas das quais você consome? Para um consumo consciente e sustentável, o primeiro passo é ampliar o conhecimento para melhorar nossas escolhas. Vamos nessa?
* Durante todo o mês de março, os editoriais da Estratégia ESG serão escritos exclusivamente por mulheres que compõem a equipe da Alter Conteúdo e convidadas. Mais do que uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher, nosso objetivo é trazer reflexões variadas sobre a construção do feminino e suas implicações no dia a dia das mulheres.