Os impactos dos eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes e devastadores, estão mudando a atuação dos bancos centrais em todo o mundo. No início deste mês, a Network for Greening the Financial System (NGFS) publicou dois relatórios com orientações sobre os riscos relacionados à natureza na atuação das autoridades monetárias.
As diretrizes destacam a importância da integração de fatores ambientais nas operações e nas políticas das instituições financeiras, sublinhando a necessidade de dados robustos e a transparência na divulgação de informações ambientais. As publicações oferecem recomendações e exemplos práticos para que as instituições financeiras possam se adaptar melhor aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.
No Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já reiterou em diversas ocasiões a importância de uma agenda de sustentabilidade para as autoridades monetárias. Em linha com essa visão, o BC encerrou no final do mês passado uma consulta pública com o objetivo de aprimorar as regras de divulgação do Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticos (GRSAC). A iniciativa visa ampliar a transparência e a divulgação de informações sobre esses temas pelas instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Eventos climáticos recentes, como a catástrofe no Rio Grande do Sul, ocorrida há pouco mais de dois meses, destacam a urgência dessas medidas. A tragédia resultou em enormes prejuízos financeiros e sociais, demonstrando a necessidade de que o sistema financeiro esteja preparado para lidar com as consequências dessas catástrofes.
A integração de considerações ambientais nas políticas monetárias não é apenas uma questão de sustentabilidade, mas também de resiliência financeira.
* Gilberto Lima é produtor de conteúdo, dono da Agência Celacanto, especializado em clima e finanças sustentáveis, e parceiro da Alter Conteúdo