19 de julho de 2024 | Estratégia ESG, , , ,

O risco das fake news

Por Eduardo Nunes

À medida que avançamos no tempo, mais tangível fica o maior risco global, apontado por mais de 1,4 mil especialistas, decisores políticos e lideranças da indústria ouvidos no Relatório de Riscos Globais de 2024, do Fórum Econômico Mundial, divulgado no início do ano: informações falsas e desinformação. ‘A relação entre informações falsas e agitação social ocupará o palco central nas eleições que devem ocorrer nos próximos dois anos em várias economias importantes’, alerta o relatório do Fórum Econômico Mundial.

Nesta semana houve uma enxurrada de fake news nas redes sociais impulsionada pelo atentado sofrido no sábado (13/7) pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. O New York Times publicou artigo – reproduzido aqui pelo Estadão – alertando para uma preocupação nesse cenário: o problema fica ainda mais grave porque há uma percepção de que as ferramentas de combate às notícias falsas – como as de verificação de fatos, rótulos de advertência e alfabetização midiática – não têm apresentado resultados eficazes.

Nesse sentido, o New York Times identificou a disseminação de teorias conspiratórias no ambiente online. De um lado, alegações de que o presidente Joe Biden e seus aliados arquitetaram e ordenaram o ataque a Trump. De outro, que Trump encenou o episódio. Nos EUA, a ação dos liberais ganhou o apelido de ‘BlueAnon’, em referência à teoria da conspiração de extrema direita QAnon e à cor azul, do partido democrata, informa o Washington Post.

Antes disso, em junho, especialistas em desinformação já haviam identificado nas redes sociais os chamados ‘cheap fakes’, vídeos editados manualmente para distorcer ações e falas, e ‘deepfakes’, vídeos manipulados por inteligência artificial, na eleição presidencial norte-americana.

Em 2024, estão previstas eleições para cargos no Executivo e/ou Legislativo em cerca de 70 países, incluindo o Brasil, em outubro. De acordo com a OCDE, o país registrou o pior desempenho em uma pesquisa que mediu a capacidade de identificar notícias falsas. A percepção geral da pesquisa foi de que 60% das pessoas conseguem distinguir o que é informação verdadeira e falsa. No Brasil, essa média ficou em 54%, como informou a Agência Brasil.

Nesse contexto de fragilidade, a educação midiática torna-se condição para formar cidadãos que não caiam na armadilha das fake news, como destaca artigo da psicóloga Carolina Scherer Beidacki, no Brasil de Fato. Se a integridade da informação é uma premissa da prática ESG, governos, empresas de tecnologia e cidadãos têm um papel essencial nesta agenda. Só por meio de um esforço coletivo será possível construir uma sociedade mais informada e resiliente, capaz de enfrentar os desafios das fake news e preservar a democracia em todo o mundo.

Bom fim de semana!

(*) Eduardo Nunes é parceiro da Alter Conteúdo

Por: Eduardo Nunes