7 de agosto de 2024 | Estratégia ESG, ,

Mudanças climáticas e ecoansiedade

Por Katia Luane

Li recentemente um artigo no Science Arena, site do Hospital Albert Einstein, sobre uma pesquisa que foi realizada em 2021, em 10 países, com 10 mil pessoas entre 16 e 25 anos, envolvendo preocupações sobre mudanças climáticas. E 60% dos brasileiros ouvidos se diziam muito ou extremamente preocupados com as consequências da crise climática em suas vidas.

A matéria também cita reportagem publicada em abril na revista Nature. Segundo a matéria, as mudanças climáticas estão exacerbando desordens mentais que já afetam quase 1 bilhão de pessoas no mundo e estão entre as maiores causas de problemas de saúde.

De acordo com o texto do Science Arena, há vários indícios até agora sobre como as consequências das mudanças climáticas impactam a saúde mental das pessoas: de traumas causados por furacões, enchentes, secas e incêndios até a chamada ecoansiedade – o medo crônico da tragédia ambiental.

Pesquisas indicam que os mais afetados são justamente as pessoas que sofrem com a injustiça climática. Ou seja, indivíduos que sentem e sentirão mais os efeitos da crise climática de forma desigual por diferentes grupos e lugares.

Além da recente catástrofe vivida pela população de quase todas as cidades do Rio Grande do Sul, estado castigado por sucessivos temporais resultantes da crise climática, a seca extrema experimentada pela Amazônia em 2023, por exemplo, provocou acentuada queda nos níveis dos rios e impactou a vida de todos os habitantes da região, dificultando os deslocamentos das populações ribeirinhas, comprometendo o transporte de água, alimentos e outros suprimentos essenciais.

O Cerrado, o segundo maior bioma do Brasil e uma das principais fontes de água do país, corre sério risco de desertificação, graças à seca acentuada pelas mudanças climáticas que afugenta as chuvas – e as queimadas provocadas pela ação humana, colocando em xeque a sobrevivência de povos originários, quilombolas, pescadores artesanais, entre outros.

De certo que os brasileiros mais vulneráveis estejam sendo acometidos por esse sofrimento mental em resposta às mudanças climáticas. É lamentável, porém (usando uma expressão do século passado), que esse “grilo na cuca” esteja rondando a população e muito pouco os governantes do país.

Por: Katia Luane