Enquanto olham para os próprios umbigos, parlamentares e governantes dão um ‘dane-se’ para a crise climática que afeta o Brasil. Os incêndios em áreas de mata que estão ocorrendo em várias partes do país, sejam pela seca consequente da ausência de chuvas, sejam pela ação humana, criminosa ou acidental, estão sendo solenemente ignorados por quem não deveria.
Os incêndios florestais estão dispersando fumaça poluente por boa parte do território nacional e também países vizinhos, relatou a Folha com base nos dados do Serviço de Monitoramento da Atmosfera (CAMS, sigla em inglês), do Programa Copernicus, da União Europeia. Outro alerta vindo do organismo é que, em meio às queimadas no Norte do Brasil, o sudoeste da Amazônia foi a região que mais emitiu gases de efeito estufa no planeta nos últimos dias.
Reforçando as notícias alarmantes sobre a crise climática, São Paulo registrou dois dias seguidos (9 e 10/9) com a pior qualidade do ar entre as maiores cidades do mundo.
A gravidade da situação levou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, a determinar medidas de combate aos incêndios na Amazônia e no Pantanal, com aumento do efetivo de corpo de bombeiros de vários estados. Além disso, Dino permitiu ao governo usar créditos extraordinários no combate ao fogo, fora, portanto, do teto de gastos, como ocorreu durante a pandemia, e convocou para esta semana uma reunião com governadores para que os gestores estaduais lhe repassem dados sobre as queimadas.
Enquanto isso, o Congresso ignora tudo que está acontecendo em consequência da crise climática e segue tocando pauta própria. Como a de anistiar as pessoas envolvidas na tentativa de golpe do 8 de janeiro de 2023.
O Brasil está em pleno processo eleitoral para as gestões municipais. O meio ambiente, a sustentabilidade e o compromisso de mitigar as emissões de gases de efeito estufa também passam pelos programas de governo dos prefeitos. Portanto, antes de irmos às urnas, no dia 6 de outubro, devemos e temos a obrigação de saber quais são os projetos dos candidatos voltados para as questões ambientais.
A preocupação não é à toa. Globalmente, as cidades são responsáveis por 70% das emissões globais de gases do efeito estufa (GEEs) e utilizam 78% da energia mundial, mostra o último World Cities Report (Relatório das Cidades do Mundo), elaborado pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU Habitat). E o Brasil tem a maior parte de sua população vivendo em cidades.
Embora o assunto, lamentavelmente, não esteja nas prioridades dos debates entre os candidatos às prefeituras, combater a crise climática é urgente e deve ser um compromisso de todos nós. Inclusive no momento do voto.