25 de setembro de 2024 | Estratégia ESG, , , ,

Quando gênero e clima se encontram

Por Gilberto Lima

No ano passado, para cada 100 homens promovidos em cargo de gerência, 87 mulheres alcançaram a mesma posição. O dado faz parte da última edição do relatório Women in the Workplace, realizado anualmente pela McKinsey, que consultou 281 organizações em todo o mundo que empregam mais de 10 milhões de pessoas.

O notório desequilíbrio de oportunidades entre homens e mulheres no mercado de trabalho vai além dos seus óbvios impactos sociais. Pesquisas mostram que a exclusão das mulheres do mercado de trabalho resulta em impactos para a economia global e até para o enfrentamento das mudanças climáticas.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), as mulheres são responsáveis pela produção de metade da produção mundial de alimentos, proporção que chega a 80% nos países em desenvolvimento. Elas estão, portanto, mais vulneráveis a desastres naturais, como secas e enchentes, e têm menos acesso a recursos que as ajudem a se recuperar desses eventos.

Dados levantados pela International Finance Corporation (IFC) revelam que os setores que mais atraem capital climático são aqueles onde mulheres estão menos representadas na liderança empresarial. No setor de energia, por exemplo, elas representam apenas 16% do segmento.

E quanto menos mulheres, menos sucesso em sustentabilidade. Um estudo realizado pela FP Analytics estima que as empresas com maior diversidade de gênero nos conselhos têm 60% mais probabilidade de economizar energia, 39% de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e 46% de diminuir o uso de água.

De acordo com o Fórum Econômico Mundial, US$ 3,22 trilhões de capital de investimento adicional poderiam ser desbloqueados globalmente se as mulheres investissem na mesma proporção que os homens. Além disso, as mulheres investidoras, quando têm a oportunidade, apresentam desempenho superior ao dos homens, superando-os em 1,8 ponto percentual ao ano.

Essa superioridade não é apenas em termos de retorno financeiro. As mulheres têm o dobro de probabilidade de incorporar fatores ESG em suas decisões de investimento, priorizando soluções sustentáveis e investimentos que geram impactos sociais positivos. Além disso, elas tendem a reinvestir uma parte significativa de sua renda em suas comunidades, por meio de doações filantrópicas, com as contribuições crescendo conforme sua renda aumenta.

Os números mostram que a inclusão das mulheres no mercado de trabalho, especialmente em setores como finanças e clima, pode destravar um imenso potencial de inovação, crescimento e resiliência.

* Gilberto Lima é produtor de conteúdo, dono da Agência Celacanto, especializado em clima e finanças sustentáveis, e parceiro da Alter Conteúdo

Por: Gilberto Lima