27 de fevereiro de 2024 | Clima, Estratégia ESG, , , , , ,

Boas e más notícias para o financiamento climático

Por Gilberto Lima

Finanças Climáticas

O G20 – grupo que reúne as maiores economias globais – realiza esta semana, em São Paulo, o primeiro de uma série de encontros de ministros de finanças de seus países integrantes, que serão realizados até a reunião de cúpula do bloco, em novembro, no Brasil. Em paralelo à reunião, será encerrado hoje o Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, que desde ontem reúne no país executivos de bancos multilaterais, representantes de instituições governamentais, organizações não-governamentais e especialistas.

No primeiro dia do evento, ficou claro que existem boas e más notícias em relação à agenda do financiamento climático. Entre as boas notícias, estão iniciativas que demonstram o engajamento de bancos multilaterais e de governos para impulsionar investimentos privados em projetos de transição para uma economia de baixo carbono.

Entre elas, o Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial (Eco Invest Brasil), que tem como objetivo estimular investimentos estrangeiros em projetos sustentáveis. Para isso, serão destinados R$ 27 bilhões para que os riscos associados à volatilidade do câmbio nessas operações sejam mitigados.

O Eco Invest Brasil é resultado de uma parceria entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central, com recursos e apoio técnico do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Mundial. Faz parte do programa um memorando de entendimento entre o governo brasileiro, o BID e o Reino Unido em projetos de produção de energia limpa e estímulo à economia verde.

Stephanie Al-Qad, embaixadora do Reino Unido no Brasil, disse que o país vai destinar US$ 1 milhão para a criação da plataforma de rede cambial que compõe a iniciativa brasileira.

A má notícia é que os recursos ainda são insuficientes para mobilizar o capital privado em torno da meta do Acordo de Paris, de manter o aquecimento global em 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. Além disso, o presidente do BID, Ilan Goldfajn, observou que não basta ter os recursos financeiros. São necessárias garantias de que os investimentos tenham impacto. Al-Qad chamou atenção para o fato de que o fluxo de investimentos do capital privado ainda não acompanha a celeridade que a agenda exige.

Apesar dos desafios, um dos consensos entre os participantes do Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas é de que o Brasil tem condições de conduzir avanços à frente do G20. Na avaliação de Sandra Guzman, coordenadora do Climate Finance Group, o mandato do país é uma oportunidade para que sejam viabilizados investimentos na transição verde, com impactos sociais positivos.

Por: Gilberto Lima