A hora e a vez da biodiversidade e da força de trabalho nos relatos

O International Sustainability Standards Board (ISSB) iniciará projetos para pesquisar a divulgação em relatórios de sustentabilidade sobre riscos associados à biodiversidade e ao capital humano, ou seja, à força de trabalho. O anúncio foi feito nesta terça-feira (23/4) pela International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS), que criou o ISSB e lançou no ano passado normas IFRS S1 e IFRS S2.

As duas diretrizes do ISSB se propõem a ser um padrão global de normas de divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade. Qualificações não faltam, uma vez que a IFRS é responsável pelos padrões contábeis mais utilizados no mundo.

Talvez por essa razão, as normas do ISSB foram imediatamente endossadas pela International Organization of Securities Comission (IOSCO), que reúne reguladores do mercado de capitais em mais de 140 países. Entre elas a brasileira Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que anunciou logo na primeira hora a adesão às normas do ISSB.

‘Para além do clima, estamos empenhados em construir a base global de divulgação financeira relacionada com a sustentabilidade para satisfazer as necessidades dos investidores. O feedback indicou uma necessidade significativa e crescente entre os investidores de melhores divulgações em torno da biodiversidade, dos ecossistemas e dos serviços ecossistêmicos, bem como do capital humano como uma fonte essencial de valor para as empresas’, disse o presidente do ISSB, Emmanuel Faber, ao anunciar a ampliação do escopo das normas de relato.

Mais do que uma definição de padrões, o anúncio do ISSB é uma evidência de que a convergência entre biodiversidade e mudanças climáticas é algo cada vez mais concreto na percepção de risco dos investidores. E, não por acaso, vem acompanhada da preocupação com o capital humano, elemento que torna as duas agendas indissociáveis.

Fica a dica para as empresas brasileiras que, muito em breve, terão que ajustar seus padrões de relato a demandas que já são uma realidade.

* Gilberto Lima é produtor de conteúdo, dono da Agência Celacanto, especializado em clima e finanças sustentáveis, e parceiro da Alter Conteúdo